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Beduíno

Beduíno , dirigido e roteirizado por Júlio Bressane, Brasil, 2016. Tentei achar algumas palavras que definissem o filme, mas a que me vem à mente é somente uma: Cabuloso! Assim percebi a obra do septuagenário diretor carioca. Segundo ele, em entrevistas, a sua necessidade em fazer cinema não é provinda de firulas, mas a existencial, talvez por isso explique tanto tempo entre um filme e outro, o último tinha sido em 2007. Em Beduíno percebemos que de fato não existe nada dado ao espectador. É mais uma necessidade interna do diretor mesmo que qualquer outra explicação. Ainda em entrevista o diretor explica que a demora para o nascimento de Beduíno ocorrera porquausa das inúmeras fontes que ele teve que apoiar-se para que determinadas cenas surgissem e tomassem corpo, mesmo que para um leigo tais cenas não dissessem nada, mas como o cinema é uma forma de existir para Bressane, este se importa pouco com a receptividade ou entendimento que suas obras provocam. Se formos fazer uma analise p...

Crisântemos Tardios

Crisântemos Tardios , de Kenji Mizoguchi, Japão, 1939. Frequentar festivais internacionais de cinema é bom e proveitoso porque tem-se a possibilidade de conhecer a fundo a história da sétima arte, e não superficialmente. Esta é mais uma obra que fica “ad eternum” em nossos corações e mentes por seu grau de significância e profundidade onde só o cinema tem a capacidade de aprofundamento para que captemos em detalhes determinados momentos e aspectos de alguma cultura de um determinado país. O cinema encurta barreiras e nos permite conhecer aquilo em que nem sequer por hipótese acharíamos que existiu, e isto decorre não somente por vossa preguiça em buscar fontes mais rejuvenescedoras, mas sim em um bloqueio das grandes massas corporativas que não permitem que tal história ou determinada informação longínqua chegue a nós. Escrito isto temos mais uma bela obra do Cine BH International Film Festival em sua décima edição. Esta que grita ou explicita que o show tem de continuar a qualque...

Gertrud

Gertrud , de Carl Theodor Dreyer, Dinamarca, 1964. O filme é todo rodado em prol da sua protagonista, Gertrud. Por via dela vimos como reflexo outros quatro homens que compõe a trama, e de uma certa maneira estes são espelhos da protagonista. De inicio temos Bertrud casada com um político e apaixonada por um poeta, com o qual esta foge, mas não dá muito certo. Os planos sequencias do filme foram uma revolução no cinema da época da Truffaut e Goddard. Por ora mostravam a cena como um todo e quando queria focar em alguém ou algum objeto a câmera meio que desfocava a imagem e pegava somente o elemento; coisa inovadoríssima para a época. Todo em P&B, como não poderia ser diferente para a época, a narrativa do filme cativa porque mostra um emaranhado de personagens que giram em torno de uma só personagem: Gertrud. O filme tem uma conexão com o teatro bastante interessante também e a ideia do roteiro de focar em um só personagem é bacana porque percebemos o reflexo dos outros personagen...

Recordações da Casa Amarela

Recordações da Casa Amarela, de João César Monteiro, Portugal, 1989. Se não foi o melhor, certeza que foi um dos melhores filmes portugueses que já vi. Primor porque a obra fílmica reverbera em nossas psiques com tamanha intensidade por mostrar as vicissitudes e translumbramentos que todo e/ou qualquer ser humano carrega: seu fardo de existir.     Os melindres da alma humana estão impressos na obra portuguesa, assim como a puxada de sardinha para os sabores e dissabores lusitanos é evidente ora, pois. Este mesmo povo que nos colonizou também nos carregou seus modos de pensar na vida e existência de uma forma particular e um pouco sofrível, onde só o fardo e/ou sofrimento seriam capazes de nos identificar e, por conseguinte um modo de viver e ver a vida.     No caso particular do filme Recordações da Casa Amarela, e também não muito diferente do que já descrito, temos um homem de meia idade, alias seria melhor classificarmos como um pobre d...

BH

A expectativa para o CineBh em sua décima edição é imensa. Serão seis dias respirando cinema de manhã até o noite. A expectativa é tamanha porque além dos filmes, o CineBh prima por encontros multiculturais no que cernem a discussão da produção audiovisual latino-americana e também mundial. E já deu pra perceber que o mineiro é bastante parecido com o baiano, não igual, por serem mais próximos e Minas e a Bahia trocam figurinhas em muitos aspectos culturais. Percebe-se também o viés e força politica do mineiro que desde a época da política do café com leite com São Paulo, ainda hoje eles se sentem os reis da cocada preta, fator este que respinga no jeito de ser do mineiro. Vou dar um rolé em Bh e perceber isso mais profundamente. É isso por enquanto, a partir de agora é só crítica de cinema. Esta veio para matar a hora de espera do traslado ao Othon Palace Hotel , lugar memorável que faz parte da história da capital mineira e ainda por cima é lindo tendo uma puta visão da avenida ...

Inferno

Inferno , de Ron Howard, EUA, 2016. O título é ideal, porque é assim que me senti vendo este filme: num inferno de tão ruim que o é. São mais de duas horas vendo coisa que não ligava nada com nada, então pensei: não li o livro, deve ser por isso que o filme é tão ruim. Mas mesmo não lendo o último best-seller de Dan Brown ( li os últimos quatro dele), posso taxar que o filme é péssimo. Não que os outros que foram adaptados tenham sido bons, mas existia uma conexão entre suas cenas e até mesmo quem nunca tinha ouvido falar nos enigmas do Dr. Robert Langdon, conseguia fisgar alguma emoção e assim entrar na trama, mas nesse último nem isso conseguimos. A única coisa que se salva nesse são os cenários de Veneza, fora isso nada presta. A historia é confusa e os personagens não tem brilho algum. As reviravoltas do roteiro são pífias e sem sal de modo que quando acontece, perguntamos: é só isso mesmo, será que Hollywood está de gozação com nossa cara? Mas de fato a indústria cinemat...