Beduíno
Beduíno, dirigido e roteirizado por Júlio Bressane, Brasil, 2016. Tentei achar algumas palavras que definissem o filme, mas a que me vem à mente é somente uma: Cabuloso! Assim percebi a obra do septuagenário diretor carioca. Segundo ele, em entrevistas, a sua necessidade em fazer cinema não é provinda de firulas, mas a existencial, talvez por isso explique tanto tempo entre um filme e outro, o último tinha sido em 2007. Em Beduíno percebemos que de fato não existe nada dado ao espectador. É mais uma necessidade interna do diretor mesmo que qualquer outra explicação. Ainda em entrevista o diretor explica que a demora para o nascimento de Beduíno ocorrera porquausa das inúmeras fontes que ele teve que apoiar-se para que determinadas cenas surgissem e tomassem corpo, mesmo que para um leigo tais cenas não dissessem nada, mas como o cinema é uma forma de existir para Bressane, este se importa pouco com a receptividade ou entendimento que suas obras provocam. Se formos fazer uma analise por alto da obra, escreveríamos que temos um casal bastante curioso composto por velhos parceiros do diretor, Alessandra Negrini e Fernando Eiras. Eles compreendem a arte ou acham que a arte surge acompanhada de uma singular pretensão metafísica em um cenário de luz onde se misturam esperança e desespero. E de fato a metalinguagem impera na obra onde poesias e versos sobre várias coisas são citados em primeiro olhar “ ao léo”, mas que a um segundo olhar percebemos a profundidade de cada narrativa desconexa com os personagens apresentam. O tema que um ser enforcador que mata mulheres loiras é jogado à tona no fim do filme, e as coisas anteriores se conectam com a história do sufocamento até a morte de um ser, aparentemente, alias totalmente assassino. Isso nos faz pensarmos de como as pessoas se sufocam por inúmeros fatores até o ponto, se você permitir, de sufocarem tanto umas as outras de se matarem. São muitas as metáforas que o filme provoca e então percebemos ou imaginamos quantas foram às fontes literárias, plásticas, entre outras para que o filme fosse finalizado. Viver não é arriscado, mas sim existir o é. Viver qualquer bicho vive, agora ter a capacidade e percepção de saber que existe é coisa pra lá de complexa, porém temos que buscar essa amplitude existencial para o entendimento da vida e Bressane nos instiga a tentar a fazer isso. Filme visto no 10 Cine BH International Film Festival.
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