Elis e Tom : Só Tinha de Ser com Você.

Elis e Tom : Só Tinha de Ser com Você, documentário que quase não existiu do diretor Roberto de Oliveira, Brasil/2023. A música é arte preferida da maioria porque em sete notas musicais se faz tudo que é tipo de melodia, e por consequência, músicas. Para quem vem das artes plásticas a compreensão é complexa porque o simples é o que todos buscam, e na música este modo tal pode ser encontrado antecipadamente por méritos próprios. O filme em questão aborda a criação de um dos melhores álbuns musicais do mundo: o encontro de Elis Regina e Tom Jobim, na Califórnia em 1974. De personalidades opostas: Jobim com seu modo didático e monolítico esbara na maneira prolixa de ser de Elis, e tanto um como o outro não eram fãs trocados. O momento era propício para gravação de um álbum entre os artistas, porque principalmente Elis encontrava queimada no meio artístico por ter feito um show de abertura dos jogos militares, e o Brasil em plena ditadura nos anos setenta. E por via das circunstâncias, a melhor voz entra ao estúdio com o melhor artista que o Brasil tinha: Jobim. O álbum se torna histórico justamente por explorar os opostos dos dois. Foram dias difíceis na Califórnia de entrosamento, e nem mesmo os outros gabaritados músicos conseguiam deter os embates mútuos por desconsiderações criativas e musicais de ambas as partes: de um lodo o monoteísmo "ateu" de Jobim , pela maioria das vezes, esbarando na exasperação vocálica e rítmica da baixinha gaúcha pimenta. O fato é que o álbum saiu no mesmo ano de 1974, e as imagens ficaram inéditas até a estreia do filme biográfico de uma dupla antagônica da música brasileira em tempos em que a produção foi o melhor o que se pode fazer até hoje em solo brasileiro, pelo fato de ambas partes abrirem mãos dos seus valores formados, musicais e humanos, fato este acontecido somente ou pelo motivo de serem artistas, e por isso mais generosos que outras profissões. Não desmerecendo as outras, pois pode ver "arte" em qualquer formato de trabalho pela arte estar nas entrelinhas das coisas, de todas elas. De qualquer modo volta e meia perguntam-me porque ainda insisto em escrever crítica de filme já que o ganho financeiro é nulo. Tá bom, o financeiro é nulo, mas o sentimental e emotivo é enorme, e muitas vezes, ao menos pra mim, a retribuição mais necessária é a de varrer meus pensamentos para colocá-los em ordem, e daí então, ligar o modo "On" de funcionar, que precisamos nos "colocar" para viver socialmente equilibrado. Existem valores mensuráveis e imensuráveis, e é preciso saber medi-los com mais claridade, para colher de fato o que quer, ou seja, é necessário se conhecer para saber o que te aperta e o que te folga de fato para seguir, dignos para correr atrás das coisas que realmente são necessárias, e não supérfluas, como a maioria das vezes achamos que aquilo é , de na verdade não era tão assim. Presente de uma sociedade imediatista de consumo que nos instala a necessidade errônea de produção eficiente, mas eficiente pra quem mesmo, já que ninguém é governo para resolver problemas de toda uma gama de pessoas ou meios de produção. A arte tem o poder, de ao mesmo tempo, nos dizer que somos simples humanos, e por isso, deixar que sigamos em um ritmo mais cadenciado que a nossa sociedade nos induz a seguir. Vou ouvir o álbum agora, faça o mesmo, e isto sem qualquer tipo de imperativo deste que escreve, apenas sigamos nossos instintos que as coisas tendem a darem certo.

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