La Jauría

 

 



La Jauría, é a estreia de longa-metragem do diretor colombiano Andrès Ramirez Pulido Caso; 2022. Caso não fosse pelo idioma, acharíamos que estaríamos vendo mais uma adaptação literária de Jorge Amado, por tratar-se de jovens infratores como protagonistas, assim como em Capitães da Areia, por exemplo. Todavia, além do idioma ser diferente temos outros aspectos diferenciam das obras de Jorge Amado: tais como, os jovens infratores eram pegos e colocados em uma selva para fins de reabilitação, diferentemente de Capitães de Areia, onde eles viviam em gozo de plena liberdade. Entretanto focando no filme, temos esta espécie de prisão, alocada no meio do mato, onde ao invés de ser uma segunda chance de reabilitação o infrator sai pior de que entrou; e mera semelhança com as antigas Febens, e agora chamadas como fundação CASA (em caixa alta mesmo), não são coincidências. O regime disciplinar abordado no longa colombiano, inclusive premiado na semana paralela da crítica de Cannes/2022, é tão ruim como o regime disciplinar adotado em território brasileiro, ou seja, a chance é zero de uma segunda chance ou reabilitação, como estar mais em voga a ser chamado hoje em dia. A diferença do filme para a realidade brasileira se encontra apenas no local: aqui, ao invés de floresta tropical, os infratores são alocados em prisões de concreto, bem parecidos com as de adulto. Deixando as diferenças sociais colocadas pra trás em plena semana eleitoral, o filme sul-americano tem uma espécie de disciplinador que comete atos desumanos, como por exemplo, ordenar que os reclusos tiram quilos e mais quilos de lama de uma piscina abandonada, sendo que no dia seguinte o local estará cheio de lama novamente por estarem em uma floresta tropical. O exemplo citado de Capitães de Areia com o filme tem um sentido: há uma transgressão que ocorre na selva, obviamente a não ser dita para não dar spoiler. O filme deixa uma indagação em relação a que tipo de punição seria mais eficaz para o jovem infrator, e ainda provoca que preparação o disciplinador teria que ter para uma de fato reabilitação, tão improvável, porém ainda dever do Estado tentar. O filme foi premiado no principal festival do mundo, Cannes, por ter “ardência crua”, onde infratores fazem papéis deles mesmo (com devidas semanas de treinamento em explicar como atuarem para uma câmera), e o resultado se não é excepcional, fica acima bem ainda da média. Filme visto na 46 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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