Conto: um gênero

 



Segundo Alan Poe, o expoente do gênero, o conto é precisamente simétrico ao tempo, ou seja, ele deve ser lido ou “degustado” em uma só assentada, pois a supressão da leitura de uma vez faz com o que foi absorvido seja mais latente na mente do leitor. Trocando em miúdos o bom conto não deve conter mais de uma hora de relógio para manter o efeito da poesia no conto, na opinião de Edgard Alan Poe, e nesta do que voz escreve, idem. Já no romance, Poe, retrata de fatores externos influenciam na leitura, já que não se deve ler todo o romance em uma só assentada. Fatores externos podem ser compreendidos com o dia a dia do leitor que para a leitura para ir na padaria, banheiro, etc. Todos estes fatores influencia a complexidade do texto , e caso este não haja, a própria anima humana (alma) faz este trabalho de imaginar o que não se têm, segundo Poe a distinção entre a leitura de um conto para um romance: o tempo e seus fatores externos.

Julio Cortazar, estudando Alan Poe, enumera alguns fatores externos com mais precisão, tais como: a intenção de domínio sobre o leitor

e suas relações com o orgulho, o egotismo, a inadaptação ao mundo, a “anormalidade”, a “neurose

declarada” do contista e teórico Poe, que, naturalmente, interfere na construção das suas personagens e situações.

Sobre o fato de escrever estórias, isto deve-se ter um norte, ou seja, o que você quer atingir: quer assustar, encorajar, encantar, enganar?

Com a escolha feita deve-se construir o efeito. O que Poe quer dizer é que um poema lido em uma assentada pode-se se transformar em poema pequenos, vários para a construção de um romance. Inúmeros efeitos ou poemas pequenos,  construídos de ato em ato. Não esquecemos que cada um tem sua forma, tanto o conto como o romance, todavia a estrutura de escrita são parecidas: sendo um curto e um longo, e por isso escrever romances pode ser até mais fácil que escrever contos, por ter as variáveis externas atuando, inclusive a variável do senso de humor do escritor: a anima, que atua ou chega de forma diferente dia a dia.

COM E CONTRA POE

 Mas foi também Cortázar que alertou para o fato de que os contos e poemas de Poe não são feitos por sua neurose, mas por seu dom artístico. Há em Poe um “caso clínico” e um “caso artístico”, assim como nos seus textos há a execução de um desígnio preestabelecido e também “uma outra ordem, mais profunda e incompreensível”. Existiria então algo, além do cálculo engenhoso, que seria o próprio engenho artístico. Complementando e contrariando Poe, considere-se, pois, que nem toda obra é só deliberada ou se faz só por um processo mecânico, de execução consciente de um plano pré-estipulado. Nem a de Poe, segundo Cortázar. 

Moral da história: Quem conta um conto não aumenta um ponto, mas sim o subtrai.

 


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