17 Festival de cinema de Ouro Preto

 




Aconteceu de forma remota e presencial , de 22 a 27 de junho, o  17 festival de cinema de Ouro Preto, onde a temática indígena foi o tema central, tanto como cineastas como também os seus temas, tais como: suas ancestralidades desde as suas angústias atuais , que é o roubo das suas terras e recursos por madeireiros, traficantes de armas e drogas, grileiros entre vários outros oportunistas, basta só lermos algo sobre a floresta amazônica para termos uma noção do que está acontecendo com eles. Acompanhei o festival de forma remota, porém nem por isso deixei de assistir a belíssimos filmes, entre curtas, longas e documentários. Todavia destacarei dois documentários : um longa e outro curta-metragem, ambos direcionados ao nosso maior diretor de todos os tempos: Glauber Rocha. Os filmes são : Glauber, Claro  e Carta para Glauber. Pois bem , primeiro vamos ao longa : Glauber, Claro, dirigido e roteirizado por Cesar Meneghetti, SP/2021. Rodado praticamente em toda sua totalidade em Roma, colhendo depoimentos das personas que acompanharam a realização do lisérgico e último filme de Glauber, Claro, de 1975, em seu período de exílio na Itália entre 1970 a 1976, o documentário conta a estória do filme, mas sobretudo fala do cineasta como pessoa única que foi, onde este, em hipótese nenhuma se deixava anular com a rotulação de pessoa dita como normal, talvez por isso tenha morrido tão novo. Fã confesso de Pasolini, seu principal diretor, Glauber se encontra bem a vontade em Roma e isto é dito por todos que deram seus testemunhos desde: Bernardo Bertolucci, Marco Bellocchio, Gisela Getty, Silvano Agosti, Cristiana Tullio-Altan, Gianni Amico, Roberto Perpignani, Gaia Ceriana Franchetti, Bettina Best, Roberto Silvestri, até o que mais falou: o crítico de cinema Adriano Aprà, este que tive o prazer de conhecer e ficar amigo no CineBH em 2017. O filme trata-se de um compilado de quem foi e qual “reinado” deixou Glauber Rocha para um pensar sem amarras com nada e ninguém: uma porrada assim como o era.

  E o nosso curta selecionado a resenhar é Carta para Glauber, dirigido por Gregory Baltz, 2022. Os doze minutos de narração da carta do cineasta, pensador do cinema brasileiro e amigo Gustavo Dahl, endereçada a Glauber Rocha, que se encontrava em Cannes com seu filme Deus e o Diabo na Terra do Sol; falava do golpe militar de 1964. Desde o golpe propriamente citado até duras críticas sobre o comportamento de “ seminarista” que Glauber com o seu filme em Cannes, diferente do lado cangaceiro de um Glauber de Terra em Transe, que na opinião do amigo, e na minha também é sua melhor realização: está tudo ali; política, religião e sociedade de forma ficcional que interfere a todos; enquanto que Deus e o Diabo na Terra do Sol tem uma pegada religiosa medrosa, como mencionado na carta. Enfim Glauber sempre será nosso maior ícone do cinema nacional, e se fosse vivo hoje, não aguentaria e se matava novamente se assim pudesse.


Comentários

Petinha Barreto disse…
Adorei sua resenha, ela me fez sentir saudades de quando Glauber Rocha filmou Deus e o Diago na Terra do Sol. Eu estava em Monte Santo que é minha terra natal e pude dialogar com o elenco sentindo os movimentos deles. Até hoje sou amiga de Roque Araujo o camera do Glauber. Na época não existia hotel na cidade mas os montesantenses hospedaram os participantes com o maior prazer em suas casas. Alguns ficaram na casa do padre Berenguer, outros na casa dos meus avós, ficaram tambem hospedados na casa dos romeiros. O povo da cidade ficou maravilhado com a filmagens. Eu achava que estava sonhando. Foi bom demais conhecer essa galera pessoalmente. Glauber fez a mesma escola que eu, escola de musica e artes cênicas da ufba.

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