Eduardo e Mônica

 





Eduardo e Mônica, dirigido por René Sampaio, Brasil/2020. Vender direitos autorais é sempre um risco: pode dar mais certo do que o original, se manter no mesmo patamar do mesmo, ou ficar pior.  O filme pertence a terceira opção. Não diria que faria uma versão melhor, mas também pior seria impossível. Quando se pega um símbolo de uma geração, que é o caso da letra da música do Renato Russo , não dá para ter desmedido desleixo na descrição de Eduardo, e principalmente de Mônica. Do Edu esperávamos um adolescente como era, talvez um pouco melhor, todavia a Mônica ( Alice Braga ), sendo o fio condutor da relação, é que o filme se perde no seu excesso. O roteirista , e também o diretor, quis colocar todo o “gênio” na estudante de medicina que falava alemão; o resultado: ficou uma persona inchada por egos, onde a atriz Alice Braga danifica uma personagem que simbolizava toda uma geração feminina ( escrevo isso porque tenho uma irmã de 42 anos ), e masculina também por imaginar uma outra criatura, onde o rock ainda era uma arte boa de ouvir no Brasil. Proponho um teste: assista os primeiros trinta minutos e depois por um minuto feche os olhos e tire o áudio , então volte a ver o filme , e ao mesmo tempo veja o que acontece em tela agora e lembre no que pensou durante o minuto de olho fechado: não dará outra, verás que vais estar vendo a atriz no filme, e irá saber que pensava nela antes, com o olho fechado. Isto é uma prova que vemos a Mônica, e talvez um Eduardinho, durante as duas horas da obra. Não se teve um peso no construir dos personagens, e isto implicou no obra como um todo, ao menos na opinião deste jornalista. Talvez um Eduardo mais contestador, e uma Mônica mais caprichosa, ou vice-versa, sem preconceito algum, seria a melhor pedida. E como a atriz é da geração da música, igual a vossa, ela se apaixona demais pela personagem e não pisa no freio. Opa, mas cadê a mão do diretor para frear esta moça em cena seria a pergunta lógica para um resultado mais atraente. O fato é que certas atrizes, onde se faz isso, cortam-se suas pernas. A sobrinha da Regina Braga não é atriz para ser pela metade ( ela não consegue, a Regina consegue); e talvez a sua escolha para o papel tenha sido o maior erro; uma vez escolhida não teria como dar certo. Por favor , não façam de “ Pais e filhos” mais um filme; seria o suprassumo da ignorância após duas tentativas frustradas, porque o filme Faroeste Caboclo também é um estupro para uma geração em que se tinham poetas do gabarito de  Renato Russo e Cazuza: eles não merecem isso lá de cima e nem a gente daqui de baixo.

 

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