Marca e reputação de imagem institucional

1. Introdução: O caso Atakarejo, do Nordeste de Amaralina, é um caso antes de qualquer análise de racismo estrutural e de ódio aos pobres; todavia vamos entender o caso. Dois jovens negros pobres, e aí vem uma questão social embutida, roubaram oito quilos de carne no mencionado mercado; carnes estas que custaram suas vidas ainda sem culpados. O que se sabe é que a segurança do mercado tem como aliados traficantes da região e estes deram cabo da vida deles. Após muita demora, ou seja, sem um gerenciamento de crise eficaz, o Atakarejo solta uma nota de pesar na televisão, afirmando que estava colaborando com as autoridades para que o caso fosse esclarecido após duas semanas do ocorrido. Até hoje o caso permanece em aberto, sem culpados e a imagem da empresa se deteriorando a cada dia. O dono do Atakarejo, o empresário baiano Teobaldo Costa, foi intimado mais de uma vez a prestar esclarecimento sobre os assassinatos. É importante lembrar que o próprio Teobaldo foi durante muitos anos o próprio garoto-propaganda nos comerciais de televisão aberta do Atacadão Atakarejo; segmento este em ampla ascensão nas classes mais baixas. Trocando em miúdos, a persona Teobaldo e seu Atacadão se queimaram totalmente com o ocorrido, e como parece ser de uma envergadura mais lastra, ou seja, quem matou rovavelmente foi um mega traficante do Nordeste de Amaralina;  e ainda quem mandou matar também deve ter “costas largas” e muito dinheiro, porque até então a polícia finge que aborda e tenta solucionar o caso, mas como se vê, está sendo para “inglês ver”. Não existe nada que ligue o assassinato com o dono do estabelecimento, mas também não existe o contrário. Fato é que a imagem da instituição se desvaloriza a cada dia, e isto é visível quando se passa na porta do mercado, onde sempre não existia vaga para carros por estarem sempre lotadas, agora o que mais tem são vagas.

 

2. Justificativa: A minha justificativa em propor uma política anti-racismo na instituição se pauta pelo ocorrido, obviamente este já seria o suficiente para isso. Uma reeducação por parte do “funcionariado” em abordar e tentar entender que não podemos julgar pelas vestes de alguém, ou tampouco por sua cor de melanina. Entretanto uma política antirracismo a ser proposta a empresa vai muito mais além do que isso: é necessário fixar de maneira consciente de que a ignorância, a brutalidade, a má-educação em “fechar a cara” não ajuda em nada para a imagem de qualquer instituição. E tais ações não se referem somente a atos feitos, mas aos pensados também, pois quando se pensa de forma execrável com certeza se age de mesma maneira.  De forma resumida posso afirmar que o Atacadão Atakarejo precisa se reestruturar cem por cento em sua política, valores e visão da empresa, pois com o caso vemos que nunca existiu nenhum cuidado em relação aos direitos humanos, com a empresa se focando somente no lucro sem escrúpulo algum. Sim: empresas visam o lucro e sempre visará porque é o único modo de sobrevivência, porém empresas em que a ficha ainda não caiu de que é necessário olhar outros vetores sociais e econômicos para que seu lucro decole, se não o fizerem ou não olharem certamente cairão no ostracismo e consequência falência certa. O Teobaldo, junto com seus estrategistas, isto é se existir algum por lá, carece de um realinhamento empresarial de 360 graus, para inicialmente tirar o Atakarejo do buraco que está, recuperando sua imagem, para só depois pensar em alavancar seus lucros, se bem que imagem e lucro tem caminhos similares e se olham a todo tempo.

 

3. Considerações finais:

 

Falando como um empresário: Vejo com preocupação a situação da empresa ; o risco da imagem a cada dia piora com o não esclarecimento do fato e os culpados fora da cadeia, mesmo sendo notório que o ramo de alimentação ser de primeira necessidade e os atacadões de varejo conseguirem a cada dia que se passa atravessarem os convencionais mercados de atacado. Todavia paciência com as ações de qualquer empresa tem limite, e por exemplo , se eu ou qualquer outra pessoa ver que a maneira que a empresa estiver se conduzindo não estiver sendo adequada, certamente eu ou qualquer outra pessoa que tenha acesso a informação , dá um chute no traseiro do estabelecimento e nunca mais volta. O grande problema é que o público desses Atacadões tendem a serem de pessoas com menos grau de instrução e financeiro. Ou seja: podem continuar comprando até que “seu fulano”: um vizinho mais esclarecido diz: “ Olha, não compre mais lá não porque mataram gente preta e pobre como a gente; vá no outro”. Trocando em miúdos quando se faz a cagada o cheiro pode até demorar a subir, mas surgirá. Não se esta fazendo patativas para o estancamento do sangue perdido do Atakarejo, e todos aguardam a prisão dos culpados , somente isto. Imagem é uma coisa que se demora a fazer, pois precisa de tempo para que reconheçam e posteriormente confiem em você. E o Atakarejo parece estar fazendo a receita mágica para a falência da sua imagem e das portas, por estar de braços atados enquanto a maior crise da sua história continua a sangrar. Como empresário falo: programas antirracismo já, pois a cada dia fica mais difícil a recuperação da imagem, a não ser que o Teobaldo baixe os preços e ganhe da concorrência , mas baixar “as calças” se pode até certo ponto, caso contrário a empresa não aguenta da mesma maneira. A minha sugestão de primeiro passo para o Atakarejo é começar a ver o problemão de frente, e então criar defesas contra ele, porque dizer que não é seu o problema, que foi culpa do chefe de segurança, não está dando certo. Tempo é dinheiro hein, Teobaldo?

 

Falando com um individuo: Não teria como não me indignar com o assassinato de dois jovens negros só porquausa de oito quilos de carne. Como cidadãos temos que ser radicais para que não ocorra novamente. Qualquer tipo de manifesto em prol das elucidações dos crimes covardes, é bem vinda, haja vista que quando se é menos favorecido, casos como estes tendem a não serem esclarecidos por motivos de forças maiores ou mais abastadas, ou quando se elucidam já não estão na beira dos acontecimentos , e por isso são pouco observados e lembrados.

 


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