Antena da Raça

 Antena da Raça, dirigido e roteirizado por Paloma Rocha e Luís Abramo, Brasil/2021.

Selecionado para o festival de Cannes de 2020, o filme é: Glauber em estado de nitroglicerina pura! Obviamente uma obra feita na montagem, nos mostra um Brasil atual na época de exílio de Glauber em Portugal em 1977, ou seja, na ditadura militar. Mas porque o filme é extremamente atual? Primeiro porque temos um presidente forjado e moldado, a fogo e a ferro, pela milícia carioca. E milícia e ditadura se conversam , embora ambos os lados se dizerem exatamente o contrário um do outro. Fato é que se formos comparar o presidente atual com a ditadura , ele consegue ser pior, pelo fato das forças armadas ainda terem a questão de "proteger" a pátria e os patriotas, e por isso adorada pelo povo. Bolsonaro não tem essa áurea: até do exército ele foi expulso por querer jogar uma bomba no seu quartel. Ele é milícia 100 % na veia, e isto é fato, e milícia é um exército capitalista e não patriota: por isso Bolsonaro é bem pior que os antigos presidentes generais. Dito isto vamos ao esqueleto do filme : trata-se de fragmentos de Glauber, no Rio de Janeiro e em Portugal, de câmera da filha Paloma, e ainda depoimentos de intelectuais, políticos e artistas sobre Glauber Rocha. Caetano, ACM, entre outros despejam suas colocações acerca da persona: " uma pessoa que não tem medo de se expor", por Caetano e " a democracia deve ser respeitada no campo cultural sob toda ou qualquer hipótese", diria ACM. Já no campo das entrevistas quando o entrevistador é Glauber e as pessoas comuns são as entrevistadas, ele não pisa no freio por querer informar aos entrevistados sob suas obrigações e deveres para não ficar na mão da ditadura. Enfim, a parte que se completa no filme são cenas de bolsonaristas falando o que seu mestre fala todo dia: besteiras. O poder de persuasão de Glauber é espantoso, alinhado a uma capacidade de raciocínio também fora do normal, de modo que quando a pessoa mal acaba de responder a sua primeira pergunta, ele engatilha uma segunda sem perder o fio da meada da primeira. Filme de abertura do festival de cinema de Salvador.     

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