Estou Me Guardando Para Quando O Carnaval Chegar


Estou Me Guardando Para Quando O Carnaval Chegar, dirigido por Marcelo Gomes e sendo um personagem observador, Brasil/2019. Cinema é sempre lembrança, mesmo quando você não queira lembrar a lembrança da contemplação chega e é muito importante observá-la, pois através dos experimentos dessas lembranças , discernirmos então o que de fato foi bom ou ruim. O documentário chega a Turitama, cidade entrincheirada entre duas cidades de maior porte no sertão pernambucano. Turitama é responsável pela confecção de 20% de todo jeans produzido no Brasil, sendo conhecida assim como a cidade do Jeans brasileiro. As facções são conhecidas como indústrias de confecção de jeans literalmente localizadas ao fundo do quintal das humildes casas de Turitama.
Quando criança e com o pai como funcionário fiscalizador público, o diretor Marcelo Gomes viajava com o pai a estes locais inóspitos onde não se enxerga no mapa, como Turitama, onde existe o engano do desengano. Trocando em miúdos, vive-se na cidadela pequena para trabalhar, e como se ganha por peça de jeans produzida , quanto mais se trabalha , mais dinheiro ganha. O engano está na forma de como estes trabalhadores enxergam sua "vantagem" em "não ter patrão", já que só depende do trabalhador , da sua vontade em produzir mais e mais, para ganhar mais dinheiro. E o desengano surge justamente nessa questão de eles acharem que não tem patrão: na verdade seus patrões são eles mesmos: ok, concordo, porém são eles mesmos da pior forma possível; são eles mesmos através das suas próprias cobranças de metas, dos seus próprios juízo de valores de que "O Certo" é trabalhar sempre mais e mais, e assim sendo, você será um homem correto e digno de coisas boas. Na real o que torna o documentário atípico e esta dualidade ou fricção de sentimentos acerca do que é e para que serve o trabalho de fato. As personas do filme, ou seja, os trabalhadores da cidade agreste do Pernambuco, se acham espertos por trabalharem doze ou mais horas por dia e ganharem um pouco mais do que hum salário mínimo. Na verdade estão sendo exploradas e ainda assim se vêem felizes trabalhando iguais aos chineses. Tenho pra mim que essa coisa de se satisfazer por pouco ou quase nada vem da ignorância, porque se conhecimento existisse nelas, a estória seria outra. Veja só os soteropolitanos: não ligam em fazer pé de meia , mas fazer a cabeça com sua cervejinha sagrada diante de nosso carnaval dionisíaco. Talvez por isso seja conhecido por ser um povo preguiçoso, o que na real não procede: sabemos é aproveitar a vida e o futuro a Deus , ou a ninguém, pertence.   

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