Mariana




A sensação que tive quando adentrei na Caixa Cultural, em Salvador, na exposição de Mariana foi de culpa profunda. Senti-me culpado pela espécie humana que consegue fazer aquilo em prol do “progresso”. Ou seja: devastar uma cidade inteira, com suas estórias vividas lá, porquausa da mineração, ou como queiram chamar isso, mas prefiro chamar de especulação mineral por multinacionais internacionais que ainda acham que o Brasil é a selva amazônica, e que neste país não existiu e nunca existirá ( pra eles...) limites em explorar os bens que essa terra há de produzir. No entanto não estamos nem na região norte amazônica, e sim nas belas Minas Gerais, ou seja, na região sudeste. Fato é que o que vi nas fotos fora muito impactante ao ponto de ficar furioso sobre aquelas fotografias que, pretensiosa e insistentemente , consegue tirar looks ou ângulos daquele lamaçal que invadiu a cidade, esta que ficou desértica e com a vida das lembranças de quem deixara tudo naquela cidade: inclusive e principalmente as suas próprias identidades, os levando para longe daquele lamaçal capitalista que poucos entendiam. Entediam somente que sua cidade estava acabando por uma chuva da natureza, mas só que esta “transformação naturística” ocorrerá porquausa ou pela mão do homem, pois a natureza não seria tão eficaz a tal transformação de maneira tão rápida. Após a tristeza da constatação de que fora um homem sapiens, ou vários homens sapiens, fizeram aquilo em Mariana, senti raiva de toda uma cadeia onde se privilegia o capital sob qualquer circunstancia ou aspecto. Aí voltei a sentir raiva da minha espécie: da sua ambição desenfreada, e principalmente da sua burrice e estupidez, onde nem se quer pensou que destruindo Mariana estava destruindo a raiz de tudo que estva extraditando. Ou seja: foram no cerne da natureza e acabaram não só com seu negócio, mas como a vida das pessoas que viviam por lá. ( Texto elaborado para a disciplina Fotografia II, na escola de Bela artes , embora cursar Letras, mas como cineasta acho importante misturar esses dois mundos não tanto distantes).

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