Verme
Bateu vontade de comer pipoca, fui a
despensa e, com rabo de olho, vejo um último pacote fechadinho do grão. Quando
abro encontro um verme: branco, grande, se debatendo sob os grãos; e isso já
com o óleo estourando na panela esperando os grãos daquele milho duvidoso.
Baixei o fogo e pensei: será que vou me dar mau comendo esse maldito milho de
pipoca, porque aquele verme já deve ter andando e contaminando todos aqueles
grãos, mas aí apostei na fritura do milho até que ele virasse pipoca e pondo um
fim sob qualquer circunstância de me dar mal comendo aquilo, afinal o fogo não
queima tudo? Bom, é o que dizem. Nesta tratativa de pensamento para comigo
mesmo, comi a pipoca sem culpas, mas enquanto comia ficava pensando no verme
branco. Recordo que, enquanto criança pra pré-adolescente chamaram-me de verme
por ficar muito tempo dentro d’água, alucinado, naquele tenra idade, com minhas
primeiras manobras em uma prancha de surf nas marolinhas (que pra mim eram
enormes) de Salvador, mais especificamente as do Jardim de Alá, com suas ondas escrotas
caixotes e Jaguaribe, com suas marolas perfeitas, iguais às do Havaí, ao menos
pra mim, naquela época e com aquela idade. Fiquei pensando no fato de ter sido
um verme, afinal seria só mesmo por ser tarado por mar, ou, talvez pelo meu
comportamento fora d’água? Acho que a segunda opção: era um verme por não
respeitar nada e nem ninguém, e quando viam eu me aproximando e me apaixonando
pelo mar no intuito de me desfazer daquele estereótipo que a sociedade tinham
me nomeado, ao menos, a minha galera. Puta inveja as pessoas têm quando alguém
encontra a sua, o seu caminho, que logo vem uma cambada de Bolsonaros pra
dizerem que sou um verme só porque vivo dentro d’água: afinal, tem algum problema
viver dentro d’água, meu ascendente é peixes, oras. Serviu como desculpa,
então? Sei lá, mas se cada pessoa cuidasse só de si, do seu nariz, as relações
humanas seriam melhores, mas a imperfeição vem na conta de qualquer ser humano,
fica difícil de separar o ser humano da inveja, afinal a segunda é filha do
primeiro. Ando preocupado com a não mudança dos nossos deputados federais e
estaduais, e além do mais, dos senadores também. Acho que pouquíssimas caras
novas veremos nas essembleias legilastivas estaduais e em Brasília, no
congresso e na Câmara. Não: de jeito nenhum que a solução seja Jair Bolsonaro (
Mito de quê, de estupidez, talvez?), mas reeleger os mesmos que estão aí, só faz
indagarmos a seguinte pergunta: será que valeu a pena o impeachment da Dilma,
os protestos nas ruas em 2014, a operação lava-jato? Se não mudarmos nossos
representantes em todas as esferas possíveis, seremos tão vermes como esses
mesmos que nos representam, e nos roubam, sempre; por isso não seja verme e
vote em quem nunca se elegeu pra nada, e tenha uma postura de servir, e não de
usurpar.
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