Me Chame Pelo Seu Nome
Me Chame
Pelo Seu Nome, dirigido por Luca Guadagnino ( onde faz, sem dúvida, seu melhor filme ), Itália/Brasil/França/EUA, 2018. Baseado no livro homônimo de Aciman André, o
filme foi indicado a quatro categorias no Oscar, inclusive a de melhor filme,
mas só obteve êxito em uma: a de melhor roteiro adaptado, e com méritos, escreva-se
de passagem. Estamos em uma linda cidadela interiorana de veraneio na Itália,
em 1983. Chega à cidade um estadunidense, de 24 anos, convidado por seu
orientador acadêmico: o pai do protagonista: este em questão um jovem que fala
três línguas e ainda por cima toca incrivelmente bem piano, e isso com apenas
17 anos de idade. Os primeiros 57 minutos do filme narra à rotina de um típico
verão ensolarado e agradável para ficar em água, ou melhor, na água a fim de refrescar-se
do calor. O ponto de virada do filme surge quando o protagonista começa tomar
coragem e paquerar o visitante. É fundamentalmente importante salientar que,
apesar de ser um filme de temática gay, isso em cena e em momento algum,
também, se torna o “norte” da obra. A delicadeza deliciosa do roteiro não
permite que torcemos o nariz só porque a temática é gay, pois o filme é muito
mais que isso; fala de sentimentos genuínos de pessoas, e isto é jogado em tela
tanto relacionamentos homo assim como heterossexuais, como sucedem-se no
decorrer do filme. Ou seja: a intenção da narrativa fílmica é mostrar o
desabrochar de uma primeira paixão, esta que calhou em ser do mesmo gênero ou
sexo, assim como poderia ser do sexo oposto, pois por quem nos apaixonamos: nós não
escolhemos, simplesmente acontece: as mãos suam, o corpo se agita, o sono não
vêm, etc. A fotografia dispensa comentários pelas filmagens serem de um país
tão belo como é a Itália, e também como é bom rever este país voltar a
concorrer como um dos melhores do filmes selecionáveis a premiação do Oscar. O
ator, interpretado pelo francês Timothée Chalamet ( que aprendeu a falar
italiano e tocar violão porquausa da personagem ), concorreu a estatueta de
melhor protagonista, porém sem conseguir, mas que certamente conseguirá em um
futuro próximo, pois talento não o falta. Fato é que o filme conta,
essencialmente, uma estória de amor, ou talvez paixão veranística, sem o pudor
de classificações e/ou preconceitos, e isto talvez aconteça pelo escritor ser
homossexual, e muito provavelmente tenha sido sua primeira paixão. Tratando-se
do filme especificamente, apesar de rolar por mais de duas horas, e por isso,
talvez com trinta minutos a mais que deveria, porém ainda assim o tempo
demasiado não tira o mérito da obra como um todo ( incluindo direções de arte e
fotografia, assim como figurino e principalmente o belíssimo roteiro). Me Chame
Pelo Seu Nome é um filme extremamente sensível, e muito provavelmente por esta
questão, não será unanimidade, entretanto quem tiver um mínimo de massa
cinzenta na cachola, estes neurônios que desaprovam tais preconceitos infâmes
em pleno século XXI, irá curtir a bessa esta obra, incluindo o seu final quando
pai e filho dialogam , sem cortinas, o que acontecera naquele verão na Itália.
Tal estupendo diálogo deveria servir como padrão e ser emoldurado para que,
preconceitos sobre ou a respeito de preferências sexuais sejam definitivamente
colocados ao chão de uma vez por todas, afinal qual é o pecado de uma pessoa
gostar de outra do mesmo sexo? Tenho pra mim que a instigação principal do
filme esteja nesta pergunta; então por este sério e importante motivo, não
deixem de assistir essa pérola, para então definitivamente de uma vez por
todas, e sem mentiras, abrirem suas cabeças, porque falar que apoia a
diversidade é fácil, porém compreendê-la é bem mais diferente do que
acreditamos; e digo isto por compreensão
de causa, e não por ser homossexual, mas por estudar Letras, onde a maioria dos
homens são homossexuais. Trocando em miúdos: podemos até achar que somos
despreconceituosos, mas no fundo ainda somos, e sem perceber este fato, por
motivos de sermos sugados inconscientemente a pensar que isso é errado (
homem com homem ou mulher com mulher) , mas na verdade não é; trata-se somente
de uma questão hormonística e ponto final.
Filmaço que todo mundo deveria assistir.
Filmaço que todo mundo deveria assistir.
Comentários