A Forma da Água
A
Forma da Água, dirigido por Guilermo Del Toro, EUA, 2018. Continuando nossa
cobertura ao Oscar 2018, o que na verdade é o Oscar 2017, pois os filmes
analisados são desse ano último citado.
Esta semana focaremos nossas íris em uma película com tom fábular. O filme, a medida de conhecimento, recebeu o maior número de indicações no
Globo de Ouro (sete), no Bafta (12), além das 13 ao Oscar, A forma da água,
vencedor do Festival de Veneza em 2016. De premiações até gora foram dois no
Globo de Ouro, incluindo Melhor Direção, e nenhum no SAG. Uma das 13 indicações do longa ao Oscar é justamente
a de roteiro original a categoria mais cotada para empapar o Oscar , e não a
toa o roteiro do filme é tão respeitado pela crítica especializada. A fábula
roteiral em tela grande nos coloca, prontamente, ao lado da protagonista: uma
faxineira estadunidense muda, magra e extremamente sensível e /ou tímida, em
pleno anos 1950, em terra do Tio Sã, onde os primeiros sintomas da guerra fria
já eram, nitidamente, diagnosticados e vistos a olhos nus. Inclusive este é um
dos pontos de partidas do filme. É o seguinte: Os estadunidenses acham, aqui na
nossa Amazônia, uma espécie de Homo-Anfíbio, ou uma besta mais inteligente que
nossa conhecida Sucuri, e então o capturam e o levam para seu solo. Nos EUA,
médicos estadunidenses comcomunados com os soviéticos, burlam o sistema para
modo da besta de água doce, que era um Deus para os Ribeirinhos da Amazônia, ser
levada para a Rússia. Em meio a essa guerra dos grandes países da época, é que justamente
entra a nossa faxineira e protagonista da trama fabular. Enquanto os cientistas
só olhavam para o bicho como uma coisa dos infernos, a faxineira, que talvez
por entender mais e melhor o que é ser discriminada, por ser muda,vê a criatura
como quase algo divino, mas que, neste caso, pode-se “tocar”, e muito, por
sinal. O romance é estabelecido entre a Bela e a Fera num mundo já predestinado
a ter muitas guerras pela frente, e de inúmeras situações onde no final já
sabemos o porquê de todos os conflitos: o tal do poder, onde um pode mandar há
muitos e não vice-versa. Ou seja: o fato de você ser poderoso e outra pessoa
não: igualdade que é bom, nada. E quem nada é peixe ou anfíbio. E se anfíbio
nada, ele transa também: afinal quem tá vivo tem é que viver mesmo, e isso
independente de qual gênero você for. A forma da água trata disso tudo: da
indiferença para com o não estabelecido, o medo do destronamento de poder,
entre outras coisas que ainda assolam nossa realidade.
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