Noites Brilhantes

Noites Brilhantes, dirigido e roteirizado por Thomas Arslan, Noruega/Alemanha ,2017.  Escreverei sobre uma jornada telúrica entre um pai com um filho, e provavelmente esta impecável obra fílmica não estará num cinema perto de você por diversos fatores, todavia o mais forte é o comercial, por tratar-se de um filme afetivo não comercial; então corra atrás de um festival para vê-lo. Conferi na Mostra de São Paulo, e com meu “comercialismo automático”, quis tentar entender a obra através do seu título: Noites brilhantes. Na verdade a obra foi rodada na Escandinávia, então no verão deles a noite é raríssima, de modo que a minha intenção em entender o filme pelo seu nome acaba como uma ação antiquada e incapaz para tal. As “noites clarantes” impregnam  e tentam desassociar uma ação vindoura do pai para com o filho. Ação esta é captada pelas lentes como uma forma de afago, de rendição, de entrega de um pai ausente, e um filho revoltado em idade “ a flor da pele” ou em plena erupção, compreendida quando o menino não é mais menino, e tampouco adulto, mas encaminha-se para isso. Pois bem: essa relação aparece conflituosa desde sempre, e a frieza germânica dos personagens ajuda ainda mais. Temos de um lado um pai que ainda não aprendeu a ser pai, apesar de chegar aos quase cinquenta; e um filho desacostumado e ter alguém que lhe ame, e ainda assim, lhe dê ordens, estas das quais, por ser novidade, talvez, vão sempre contra a personalidade de uma criança, e agora "adultinho", que nunca teve uma voz masculina em casa. Ou seja: o menino era filho e também pai, ou esposo da própria mãe, esta que não aparece na tela, mas que está escancarada em sublinhas do roteiro, ou das imagens que a obra provoca. A jornada de conhecimento, de um para com outro, é silenciosa, afinal falar o quê de quem não conhece; mas também é desafiadora por tentar quebrar o gelo desse lógico silêncio, e obvio, trata-se, também de uma jornada de “ jogar a isca pra ver se pega”, tanto por parte do pai, mas também pelo filho; não se enganem disso, existiam duas partes “partidas” nessa estória comum a todos os hemisférios geográficos. O filme não te dará um sorriso, tanto seu, como de algum personagem, no final da sessão, porém, contudo te possibilitará a enxergar que colocar alguém no mundo é de uma responsabilidade de que não conseguiria ainda enxergar.

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