Timão
Filho de um
paulista com uma baiana tinha tudo para ser um corintiano convicto ou roxo por
influência pela parte do pai. A tal influência paterna não veio, e pior, acabei
escolhendo o São Paulo para torcer naquele estado, que era , e é ainda
importante para minha pessoa. Já que não rolava nenhuma pressão pra ser
corintiano, nem por parte de mãe nem do outro lado, me tornei flamenguista por
dois motivos principais: O primeiro se chamava Zico: era tão fã desse gênio que
meu quarto era todo empacotado de imagens suas em todas as paredes e cantos que
podia colar um pôster seu: do Galinho de Quintino. Zico foi o símbolo , junto
com Falcão e Sócrates, da seleção brasileira ou qualquer seleção do mundo em
todos os tempos, claro que refiro-me a seleção de 1982, onde esta não ganhou a
copa, na Espanha, porém tornou-se a mais inesquecível para os amantes do futebol
de todos os tempos. Talvez seja mesmo por isso que o futebol possa ser taxado
por arte: por futebol-arte, diferentemente dos outros esportes. Se o futebol
pode ter algo de artístico na sua forma de jogar hoje, isso deve-se, e muito, a
seleção brasileira de 1982, dirigido pelo eterno ranzinza e inesquecível genial
Telê Santana ( tenho pra mim, que me tornei são paulino em minha adolescência
porquausa exatamente do Telê, e também pra jogar na cara do meu pai que eu não
vestia a mesma camisa que a dele). O segundo fator por me tornar flamenguista,
obviamente, foi à lavagem cerebral que tomava todos os santos dias por assistir
ao Globo esporte do Rio. Em 2011, com aquela baita torcida indo a Tóquio
comemorar o mundial em cima do milionário Chelsea, senti algo diferente naquele
time. Lembrei-me das lembranças inconscientes corintianas de, todo domingo
rolar o hino do time ser cantarolado pelo meu velho em uma varanda de piso de
azulejo vermelho-terra, sempre em domingos ensolarados, e uma vez por outra, ou
entre o intervalo de um texto com um cigarro , ele me pedindo pra cantar com ele o : Salve
o Corinthians...
Hoje
entendo, logo quando ele não anda mais por aqui, que aquele foi o modo dele
pedir pra eu torcer para o time dele, e este, ainda bastante criança não tivera
o altruísmo de entender a mensagem. Se hoje sou corintiano? Sim, sem dúvidas
que sou, mas agora tendo a missão de torcer duplamente: por mim e por ele: meu
grande herói papai. Mas também sou flamenguista , e Vitória por ser um cidadão
soteropolitano, e que aprendeu a ir aos estádias porquausa desse time. Os
especialistas, se é que é possível taxar um jornalista esportivo especialista
ao futebol ao qual aprecio: que é o futebol arte, mas estes especialistas
defendem uma tese de que o torcedor, ou a paixão por um clube surge exatamente
quando um ser é compelido à frequentar, forçosamente ou não, estádios em dias
de jogos; segundo eles a paixão floreia ali, no calor da torcida, no grito do
gol abraçando e sendo abraçado por estranhos , mas que naquele momento de
emoção torna-se o mais intimo dos amigos, aquele que já te viu nu e tudo. E é
isso que não concordo que torcedor é feito indo aos estádios. Fui a todos os
jogos quando o Vitória foi vice-campeão brasileiro com aquele timaço de Dida,
Alex Alves e Roberto Cavalo e C&A, e não troco todo esse campeonato com um
único jogo do Corinthians que fui com meu pai aos treze anos, no Pacaembu. Inesquecível.
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