O Outro Lado Da Esperança
O Outro Lado Da Esperança, dirigido e roteirizado por Aki Kaurismäki, Finlândia/Alemanha, 2017. Sou suspeito em escrever sobre
o diretor, pois sou fã de carteirinha dele desde o seu último trabalho antes
desse: O Porto, de 2011. Em entrevista, em Berlim, o diretor o porquê desse
hiato de seis anos para fazer outro filme; ele disse: “ parar entrar no Set
tenho que , primeiro fazer o roteiro. E essa é a tarefa mais difícil, e por
isso, não faça filmes todos os ano, porque uma ideia bacana e com robustez não
acontece a todo momento, é preciso que as coisas estejam muito bem amadurecidas
para eu sair do roteiro e chegar na direção, porque, pra mim, não rola
intermediários entre roteiristas e diretores”. Ou seja: em outras palavras ele
diz que só faz roteiros para ele mesmo filmar, postura esta que varia de pessoa
pra pessoa, mas que, sem dúvidas, ajuda no resultado final do filme. A repórter
insiste: “Acho estranho o senhor demorar cinco anos a fim de mexer ou tocar no
mesmo tema: a imigração. O diretor, já nervoso responde: “ De fato o tema da
imigração está nos meus dois últimos filmes, assim como as personalidades “caladas”
dos meus atores, mas se prestasse mais atenção, veria que são tramas
completamente diferentes , e em épocas diferentes nesse mundo tão corrido de
hoje, onde uma informação de cinco minutos atrás pode não valer pra mais nada;
sugiro então que a senhora assista novamente meu filme, e então , depois
conversamos, ok?”. A repórter responde de voz baixa: “ok, me desculpe então”.
Mas vamos aos fatos, porque contra esses não há argumentos que se sustentem.
Sentamos na sala de cinema e logo deparamos com uma cena/fotografia catarse,
que é: uma pessoa de sexo masculino desembarcando de um contêiner, com carvão
dos pés a cabeça,num porto da Finlândia. Trata-se de um fugitivo de guerra, mas
precisamente: um sírio da capital Allepo, que perde quase toda sua família porquausa
de uma bomba Tomarok jogada pela Rússia, do Putin.
Em Allepo o protagonista só não perdeu
quase toda porque ficou, assim como ele, viva uma irmã; esta que o protagonista
tanto tenta achar para protegê-la. Entretanto quem protege, mesmo, o
protagonista é um senhor finlandês na faixa dos seus quase sessenta, dando
abrigo e trabalho quando nosso protagonista é caçado por uma gangue não
simpatizante por imigrantes, e se estes forem oriundos de lugares como a Síria,
por exemplo, nem pensar! O titulo do filme “ O outro lado da esperança” meio
que explica a relação desses dois personagens. Um comerciante que abandona a
carreira de vendedor de roupas para dono de um bar mixuruca , por ter tido a
sorte de ganhar uma bela grana em uma partida única de Pooker. Do outro lado
todos já sabem: estava mais um foragido de guerras que usam a religião para se expandirem,
mas que na verdade todo mundo sabe que é por questões comerciais e/ou
financeiras, como o petróleo, diamantes etc.
A mensagem que o filme passa é de
que apesar de tantas guerras, ainda vale acreditar no lado humano do homem , e
não no seu lado da cobiça desvairada, pois “Trumps” sempre irão existir, assim
como “Mandelas” ou “Madres Terezas de Calcutá”. Filme vencedor de melhor
direção no último festival de Berlim, e com louvor.
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