Barba, Cabelo & Bigode

Barba, Cabelo & Bigode, dirigido, argumetalizado e roteirizado por Lucio(sem acento) Branco, Brasil, 2016. Neste Doc., de 145 minutos, temos dois personagens: Paulo César Cajú e Afonsinho, ambos originários do Botafogo Futebol e Regatas, porém um é negro e estourado e outro, branco e mais refinado, em um país sob regime militar. O branco, Afonsinho, em determinada época torna-se barbudo. Simbolo este, ou seja, uma barba sem fazer ou por falta de uma feitura “gilestística” em arpar pelos faciais que Afonsinho não abre mão por ser a sua resposta ao regime ditatorial imposto, sem vaselina, no Brasil da época. Com aquela barba grande Afonsinho dizia: "Vão para os raios que os parta esses verdinhos de capacetes brancos( vulgo militares ). Não vou me render a vocês nem a pau, e vão se lascar, também antes que me esqueça". Afonsinho é punido e perde o contrato com o Botafogo, mas fica bem na fita com a "Causa" , e com o ensolarado Rio de Janeiro e suas gatas. O caso do Paulo César Cajú já são "Outros quinhentos". Jogador que viu a fama e a lama em tempos distintos. A fama foi em ser campeão, em 1970, com o Brasil de Pelé, e ele no banco com 18 anos. A lama foi as drogas após pendurar as chuteiras, ou seja, um negrão bigodudo pra lá de intenso e gente fina, mas acima de tudo: com personalidade, a tal ponto em desferir esse dialogo no Doc.:” Esta zorra de plimplim toda hora dizendo mentira, mentira do cacete, quero mais é que se danem, eles da Globo”. É com esse teor anárquico que percebi a intenção do Doc, e também o caminho que ele, por força sua, foi tomando. Trocando em miúdos Barba, Cabelo & Bigode, apesar de longo, tem uma mensagem bacana, que é: não se venda a qualquer preço, e se for, que cobre caro, afinal ser do contra é uma coisa totalmente diferente de ser burro, e Afonsinho e PC Cajú estavam bem longe disso: de serem burros. Um Doc. pretencioso que, através do futebol, desvenda o que é estar no Brasil e como a nossa personalidade foi se moldando por estar aqui através de tantos governos tiranos por tantas longas gerações.

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