1982
Era Pequeno, 4 anos pra ser mais
específico. Por isso lanço insigths de uma memória dessa idade. Lembro que já
existia um clima de “já ganhou”, por parte da seleção brasileira de 1982, na
copa da Espanha. A Itália, boa de defesa, bateu a “imbatível” seleção do Telê,
com três gols do Paulo Rossi, mas vamos as lembranças daquele factidico dia.
Primeiramente foi pular uma Copa e chegar no México, em 1986. O Brasil jogava
as quartas de final contra a França do Platini e eis que uma penalidade máxima
surge e Zico vai bater na gorduchinha. Eu, com meus já altos 8 anos de idade,
chorava e gritava: Tem que ser Zico, é Zico que vai cobrar o pênalti né meu
pai? Ele assente com a cabeça, mas continua firme e sem sorrir. O Zico, que
estava bichado do joelho, bate e o goleira gaulês defende uma bola que ia no
centro do gol. Após isso o jogo vai aos pênaltis , e Platini continua na Copa,
nós não. Pois bem: tive que pular uma copa para chegar, ou voltar, na de 1982,
na Espanha. Traumas ficam para sempre, e nos ensinam, para o bem ou para o mau.
No caso de 86, foi-me ensinado que não se ganha nada só por camisa ou só pela “querência”
de ganhar: tem é que conquistar! Quando Zico pegou a gorduchinha , em 86, e
chutou “emriba” do gaulês, meu pai , já traumatizado por Paulo Rossi de 82, não
gritou, não se chateou. Eu, com meus 8 anos, fiquei é muito puto por sair da Copa.
E fiquei mais puto ainda por meu pai não ter ligado a mínima para aquela
derrota; já tinha criado anticorpo para o fracasso, eu: coitado, ainda não.
Depois de 1986, não consigo criar muita expectativa em ganhar Copas; pra mim se
ganhar: legal, mas se não der, faz parte: nada de sair por aí quebrando tudo. Queria
ter tido tanto mais idade para ter sofrido aquela copa de 1982, acho que seria
um poeta mais inspirado se fosse mais velho um pouco. E é isso: se em 2018 der
pra trazer, vai ser legal, mas se não der também, tudo bem, afinal perdemos em
1982.
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