Blade Runner – 2049
Blade Runner – 2049, dirigido por Denis Villenueve, EUA, 2017. Esqueça tudo, ou quase tudo, no que você viu do Blade Runner de 1982, dirigido por Ridley Scott. O franco-canadense Denis Villenueve, inclusive com a ajuda do próprio Ridley Scott, assinando a produção do longa muda quase tudo que pensávamos que tínhamos entendido do primeiro filme. Denis dirige uma espécie de continuação descontinuada, mexendo, inclusive, no enredo da narrativa, ou no entendimento daquele filme de 35 anos atrás, obra esta que marcou toda uma geração e não à toa esta “continuação” ter sido tão aguardada. O risco em mexer em uma pérola antiga era enorme, tanto pela parte da crítica, como principalmente pelo lado do público, mas olha que a obra não fica devendo, em nada, ao primeiro Blade Runner, pelo contrário. Entretanto vamos ao filme; pois bem: se no primeiro filme, em 1982, era encenada uma Los Angeles de 2019; desta vez estamos em 2049, como o título do filme sugere. Ou seja: são 35 anos para ter feito um segundo filme vivido apenas há dois anos a mais que o nosso, 2017; e 32 anos no futuro o segundo filme encena-se na mesma San Diego escura de “2019”, mas só que agora em “2049”. Tanto em um ano como em outro, mencionados, a escuridão toma conta da cidade, sinal que o planeta Terra passou por uma guerra nuclear, extirpando os raios solares do planeta, fato este não contado em ambos os filmes, mas plausível e lógico, até para leigos, essa questão da continuação de uma escuridão assolada. A “sempre noite” encarregasse em ser a protagonista de uma estupenda fotografia, assinada pelo gênio Roger Deakins: o fera do momento. A direção de arte também não fica atrás com caracterizações de figurino e cenografia sendo, de fato, “coisas de outro mundo”, como o detalhe de um teclado quase que pendular, ou parecido com uma sanfona, de um “funcionário” de uma repartição genética. Em 2049, assim como em 2019, existiam três tipos de habitantes: os humanos, os androides e os replicantes. Em geral, os replicantes tinham a missão de proteger os humanos dos androides, e também tinham o dever em auto extinguirem-se, trabalho que o protagonista K, depois nomeado por Joe, faz como, ou na pele, de um policial. Se o filme de 1982 é lento, esse é mais ainda, porém a ideia negativa da humanidade exposta, e defendida no filme passado é “contradizida” neste atual. São muitas as elucubrações existenciais em cena durante praticamente as duas horas e quarenta minutos que o filme anda, de asas soltas, e em momento algum conseguimos tirar nossas íris daquele futuro que contava tanto do nosso passado , e vice-versa. Na opinião deste crítico, que sonhava com os androides de 1982 com cinco anos de idade, o filme atual é melhor que o antigo, sendo que o que destoa mesmo em nível de qualidade é a fotografia do filme, além de suas indagações filosóficas existenciais. Garantia de diversão dando a chance, inclusive, de seus neurônios se exercitarem.
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