Manchester a Beira Mar
Manchester a Beira Mar, dirigido e roteirizado por Kenneth
Lonergan, com Casey Affleck, EUA, 2017. O filme não faz refletir alguns
questionamentos. Por exemplo: somos ou estamos pré-determinados a sermos
simpáticos; não podemos entrar em nossos escritórios com a cara feia só porque
você brigou com a esposa. Ou seja: preciso de uma máscara para viver socialmente
e ser aceito e o filme reverbera este assunto através do seu protagonista de
forma totalmente oposta ao qual estamos acostumados a presenciar. O irmão caçula
e oriundo do teatro do ator comediante Ben Aflleck faz um sujeito que tinha
como premissa de profissão desentupir canos e, no entanto era uma espécie de
sujeito que, a primeiro olhar, entrava na turma dos desencanados para tudo e
todos. Entretanto em um olhar mais aguçado, e isto só acontece quando o filme
vai do meio para o seu final, então agora vemos que não se trata de ninguém
desencanado, muitíssimo pelo contrário, ou seja, o sujeito era tão encanado que
nada poderia mudar os seus problemas, então como não podia fazer nada o
protagonista sai-se, ou melhor, parecia-se então como um desencanado sendo
zelador de alguns prédios até receber a noticia da morte de seu irmão. Tendo
que voltar a sua cidade natal pelo ocorrido ele encontra seu sobrinho para
cuidar, e isto em testamento. A relação é difícil, ambos são teimosos sendo que
a única diferença entre eles é que um era adulto e outro adolescente. Se
pudesse ter que resumir o filme em uma só palavra este seria angústia, sem
dúvida. A angústia da dor que não pode ser acelerada nem atrasada, a angústia
do tempo que a lembrança não permite esquecer, a angústia do erro. Se alguém
diz que errar é humano então também seja possível que qualquer erro seja perdoável
perante os outros, mas principalmente a pessoa que cometeu o erro. Existem
erros que nem o tempo e nem a aprovação de todos param de gritar em nossas
mentes e este é um filme que tem como tema central exatamente isso: o erro que
era para não errar. Se ficar escrevendo erro muitas vezes impreterivelmente
darei alguns spoolers e esta não é a intenção. O que adianto é que temos a
situação do nosso protagonista zelador sendo pai de novo do seu sobrinho, e
talvez isso seja demais pra ele. A riqueza do temperamento e personalidade do
zelador é o que cativa o filme e o faz diferente dos demais por ser um filme de
adulto, fato este raríssimo hoje em dia com obras tão infantis, pra não
escrever o mínimo do mínimo. Evidente que foi a maior injustiça do Oscar
Manchester a Beira Mar não ter ganho como melhor filme, pois o é de longe e galopada
doutros que chega a ser deveras estapafúrdia a comparação por ser o único filme
de adulto concorrendo; sem dúvida um ponto, ou um filme, fora da curva
Comentários