Jaguabronw

O interesse pela arte surgiu desde muito cedo, aos oito, sete anos de idade. Sabia que queria as artes mas não qual delas ou qual dela. Até hoje não sei, porém as coisas estão mais claras agora do que antes. É segunda de carnaval, e para um bom baiano como eu, carnaval é uma data a ser respeitada, ao menos. O criar das artes plásticas é bem diferente de fazer um conto ou um curta metragem, por exemplo. Nas plásticas você consegue ser mais solto, se todavia, tiver elementos para poder criar após isso. Todas as artes são complicadas assim como um atendente de banco fazer uma prestação de serviço a um cliente, enfim a vida é complicada independentemente da profissão que escolher, pois o ser humano tem a divindade e profanidade de complicar o que não é ou estar complicado. Tentei uma vida de surfista, mas esta implica em muita competição de modo que cai fora quando percebi que a parada seria muito mais física que espiritual. Parei de pegar onde quando um local barrigudo ameaçou me dar uma coça se não saísse de um mar e local que aprendi a pegar onda. De lá pra lá não paguei pra ver se ele estava na praia ou não, apenas abandonei o tesão de pegar onda por não morar em um bairro próximo da praia que quebrava meio metro de onda em Salvador. Sim, já na época tinha uma posição de ser sem muito dialogo, e isso ajudou a dar-me um empurrão pra sair fora da galera do surf, pois naquela época o Surf e o cinema já faziam parte do meu cotidiano diário, do modo que quando tomei um empurra do surfista barrigudo meu mundo caiu, afinal o que farei todas as manhãs a não ser pegar onda e agora estaria proibido, por sei lá o motivo, de fazer isso todas as manhãs. Retornei outras vezes a mesma praia e o atendimento sempre fora o mesmo: hostil para um soteropolitano. Cheguei a pensar em sair “ na mão” com o gordo, inclusive convidando para tal desacordo de senhor dos mares, porém em vão, porque para quebrar aquele gordo desgraçado teria que quebrar meia praia inteira também de modo que logo desisti da raiva que me acometia e vi que a praia de Jaguaribe teria que ser coisa do passado, já que idiotas sem miolos não gostavam da minha presença por lá. A vida passou e não sei se hoje fosse encontraria tal gordo autoritário, mas se o encontrasse agiria da mesma forma: falando que um homem do mar não se curva a viadagem. Acho que não existe ex-surfista; quando você sente aquela possibilidade de pegar uma onda acima de um metro e meio as coisas meio que param de fazer sentido, seja você um fodido ou um cara cheio da grana: para a natureza e o Deus Netuno nada disso importa. Você só pensa naquela sensação de dropar na onda. Sinceramente queria topar com esse cara que me fez desistir de surfar , e mesmo que ele não falasse nada ou falasse que foi de sacanagem mesmo, olharia nos olhos dele e perguntaria: “ O que você ganhou sendo o rei do mar de Jaguaribe e consequente me eliminado, já que o posto era meu?”. Se ele não soubesse explicar aplicaria um cruzado de direita na ponta do queixo devido tanto tempo de atraso, mas como tudo isso é uma sinopse gostaria mesmo que ele estivesse no mar quando voltasse a pegar onde, seja o mês que fosse, com certeza o reconheceria. Poderia trocar de praia, mas com um não de um barrigudo parei com o surf em minha vida. Passei a ler mais e ir também ao cinema com assiduidade, quase que diariamente, foi como trocar o mar com pequenas ondas por um mundo cinéfilo louco, e olha que valeu pra caralho a pena. Hoje nem penso na hipótese de abandonar uma sessão de um bom filme para ir a praia. Tornei-me um pouco nerd? Claro que sim e com orgulho, afinal tornei-me um ser pensante a através desse entrave comecei a escrever sobre cinema, sobre os filmes que via e imaginava, já que era muitos, pois passei a energia do rei do mar do surf ao rei do cinema , assistindo obras fílmicas toda dia: era esse meu dilema, minha forma de tornar-me cidadão já que toda entrevista de emprego era eliminado na primeira fase. Pensava: Porra sou bacharel em administração em empresas e não consigo nenhum fucking emprego nessa terra chamada Salvador, peraí de repente não nasci para administrar nada nem porra nenhuma. Por falta de emprego e por ser barrado na praia que praticava meu surf canalizei todas minhas energias a fim de entender a arte do cinema. Apesar do cinema ser mofado estava eu lá lá batendo ponto e assistindo ao menos um filme por dia, e isso durou-se alguns anos, pois descobrir o amor pela sétima arte e só local acabou, porém minha cachaça cinéfila continuou, graças aos os bons horizontes alternativos e obviamente não ligado a grana tive o prazer de conhecer o Brasil inteiro, do Oiapoque ao Chuí, como dize, graças a sétima arte. Não me salvei devido ao cinema, até dizem que me tornei mais nerd quando troquei pelo surf radical, mas a sétima arte abriu-me diversas portas as quais jamais o surf conseguiria abrir. Se é hora de voltar a surfar, não sei, mas sei que aquele gordo, se o encontrar não significará muita coisa. Hoje penso até que ele fez um favor trocando a sede por pegar marola em troca de entender a sétima arte, e isso falo a sete anos trás, ou seja, haja filme visto neste período. Sim, continuo desempregado e sem rumo, assim quando era um universitário surfista, mas, todavia tenho a cachaça do roteiro que perambula em minhas veias. E o roteiro é tarefa difícil de entender, assim como é entender uma onda de acima de dois metros adiante. Assim como na onda, no roteiro você pode acrescentar histórias , e com o tempo o cineasta adquire a experiência pra fazer o que quiser. O roteiro é como a onda: traiçoeiro. Quando pensas que estas no controle ele te dá uma bela rasteira. É necessário ter humildade e estudar sobre roteiro cinematográfico, assim estará dominando outras áreas que possibilitarão a você pagar as contas, como a politica por exemplo. Seguirás seu sonho e não te arrependereis, assim La La Land, o qual não ganhou o Oscar 2017. Agora é focar no roteiro e continuar estudando porque a mente não para de mandar ideias: Hollywood é o limite.

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