Rifle

Rifle, de Davi Pretto, Brasil/RS, 2016. A principal pergunta, em minha modesta opinião, esta que também já vem com uma resposta do filme é clara e firme: Será que se você não se encaixar no sistema, te deixaria em tão maus lençóis assim ao ponto de sua sanidade ser colocada em cheque, neste caso, o cheque mate? A reposta é curta: Sim, é possível e bem provável  ficar louco e até virar um sociopata, isso no mínimo, caso não queira jogar o sistema que tem-se obrigatoriamente de jogar, e isso faça pelo bem da sua sanidade. Entretanto vamos a uma resenha super quentinha. Rifle é um daqueles filmes que torcemos pro bandido. Mas em um sistema tão escroto que temos , seria possível apontar e dizer com toda certeza: aquela ali é mocinha e aquele ali é bandido? É muito provável que erremos de primeira no julgamento das aparências físicas ou de roupas de grife. O filme gaúcho ( e isso do interiorizão gauchão mesmo) é latente e gritante como um porco em hora de abate, mas também necessário deveras, porém pouco ouvido serás por defender uma classe pequeníssima e sem poder de barganha algum: os ruralistas produtores do seu próprio alimento que, anarquicamente, não se vendem aos grandes produtores ou empresas para que estas comprem os terrenos desses seres que insistem em remar contra a maré. O titulo do filme é apropriadíssimo e meio que é autoexplicativo também. Trocando em miúdos, o filme sugere e conta a história de um cara que diz NÃO a venda da terra da sua família, e com a insistência de compra de quem estava interessado, o cara aquece tanto a cabeça que enlouquece. Óbvio que o filme não é só isso, alias é muito além disso, pois explicita de forma categórica e elegante a invasão do espaço, e também joga a pergunta no ar: será que de fato alguém tem algum espaço seu mesmo ou estamos sendo vigiados através dos nossos e-mail, das câmeras em cada canto de esquina ou estabelecimento que vamos ou só passamos? A cada dia o horrível big brother global se torna real e desconfortante, mas teria outro jeito para frear o homem(leia-se mulher também), porque também não dá pra confiar em nossa própria espécime. Enfim , obras fílmicas desse calibre e estirpe de elegância, com a anarquia necessária para dizer um Basta a tudo que está e é estabelecido, somente obras desse tipo de expandimento do entendimento dos direitos e deveres de um para com o outro, só pode ser conferida e apreciada em festivais de cinema pelos filmes diferenciados que deixam exibir ao menos pela menos uma única e mísera vez no ano, pois em circuito comercial estas obras contestadoras são raríssimas de entrar em cartaz pelos motivos que estamos carecas de saber, que é deixar, por estratégias, os indivíduos como se fossem vacas e bois no pasto antes do abate, sem informação alguma que preste ou salve seu pescoço da puta alienação escrota que as rádios e televisões fazem por fatores comerciais pra lá de bem explícitos, e só quem não enxerga quem não quer. Mais do que nunca na história desse país é necessária algum tipo de anarquia. E não refiro-me a estes Black-Bloocks que saem quebrando a porra toda; refiro-me a um tipo de anarquia sofisticada que "dá testa" contra o intelecto que nos são colocados a goela abaixo. O rifle que tenhamos que usar talvez seja outro: o rifle do foda-se a quem quer nos fuder; e filmes como Rifle faria isso de maneira estupenda e humilhante, pena é que nunca um filme deste irá para a massa ver e refletir, então enquanto outros espaços bem maiores, TVs, não são nos dados, o jeito é ser no rifle real mesmo, assim ao menos dizemos que somos durões e fingimos que não sabemos que do outro lado da moeda existe uma bazuca que nos exterminaria em um único tiro covarde dos detentores do capital sujo e inescrupuloso, Filme super indicado para o festival de cinema de Salvador esse ano.

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