Precisamos Falar do Assédio

Precisamos Falar do Assédio, da Paula Sacchetta, Brasil/SP, 2016. A ideia é entrar numa caixa preta, como a de uma fotografia feita manualmente, e através daquele único feixe de luz, tentar sair da escuridão e se comunicar com o mundo. No caso da "caixa preta" o documentário improvisa uma Van totalmente escura onde quem entra só vê, quando a porta fecha, aquele feixe de luz, mas só que agora na Van. É curioso olhar pessoas no escuro, de certa maneira elas ficam cegas também pensando que está falando com ninguém, só com a luzinha que não quer dizer nada imediatamente. Particularmente este foi o filme que mais me mexeu hoje no segundo dia de Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Os relatos de assédio sexual por parte das mulheres é tão deveras interessante que não é necessário ser fêmea pra sentir ou imaginar sentir o que aquelas mulheres corajosa,s por botar a cara na luzinha, sentiram e sentem até hoje. E posso cravar sem medo: o pior inimigo das molestadas não são os homens e nem elas próprias, mas sim o álcool. Sim, o álcool que as transformam ao ponto de treparem, ser penetradas e não lembrarem de nada ou somente de alguns vultos de alguém por trás delas. É inacreditável o numero de mulheres entrevistadas que foram estupradas quando estavam sob o efeito do álcool; mais ou menos de cinco, três relatavam a mesma história de bebida com o final que nem elas sabiam, apenas sentiam as dores físicas no corpo e a "ficha" caindo após falarem com amigos. Agora o mais incrível caso da Van Freudiana fora de uma mulher na casa dos seus quase quarenta ser violentada por um pai de santo de Umbanda de 96 anos. 96 anos e o senhor com este vigor físico é surpreendente, mas a violada ficara puta e em todas as delegacias que fora prestar queixa, inclusive a das mulheres, falavam a mesma coisa pra ela: " Moça, você se esqueça desse acontecimento, porque será dificil provar que alguém de 96 anos tenha feito isso contigo". Como ter uma vagina, e não um pinto, pode ser tão diferente assim? Agora saquei, é diferente pra caralho. Desde sempre o seu corpo e curvas foram feitos para tirar os homens do sério, e se algum homem a bulisse a culpa seria delas por mexer no psicológico deles. De fato o filme joga no ar diversas perguntas referentes a direitos, genética, cultura ou simplesmente falta de sensibilidade com o sexo oposto, e este sendo o feminino então, nem comenta-se o oportunismo masculino de contar essa estória da carochinha do tal libido que não os deixa pensar, e se aquela mulher está com uma saia mais curta ou um decote "bom de se ver".  Um tema que deveria ser mais discutido: até quando há empoderamento de um corpo/gênero para com outro, é possível criar barreiras?? Fisicamente sabemos que o Homem é mais forte que as mulheres, mas e aí, será que é possível cravar uma superioridade mental , por exemplo? Óbvio que não! Para mais informações não deixe de acessar: www.precisamosfalardoassedio.com

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