O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice)

O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice), dirigido por Edward Zwick, EUA, Canadá, 2016. Li há pouco que o xadrez serve até para matérias como Geografia. Ou seja: Além do jogo ser bom para o cérebro, ele ainda tem a capacidade de espaçamento, de saber onde anda e quais passos dar. Pensei e cheguei à conclusão que a notícia lida tinha um fundo verdadeiro no tocante ao assunto do espaçamento físico, pois para se fazer uma jogada, seja esta com o peão ou a rainha, o jogador tem que prever o que tal movimento desencadearia em outra reação de maior proporção e força para o jogo. Ou seja: No xadrez é necessária uma expertise mais que cerebral para fazer as jogadas, mas também ter a percepção de localidade. Posto isto, venho através deste resenhar um filme que está em cartaz nos cinemas e vale bastante a ida. De enredo temos um garoto prodígio estadunidense, que de forma altruísta, se apaixona pelo xadrez desde muito cedo, e com sua capacidade cerebral no tocante a sua memória a fim de guardar as suas jogadas frustradas e derrotas no jogo quando criança, e se torna a principal aposta e única esperança dos EUA em ganhar no xadrez da extinta União Soviética em plena guerra fria. Os russos se gabavam por ter o campeão mundial do esporte e este simbolizar quem seria melhor nas estratégias no período da guerra fria. O Ator Tobey Maguire ( ou o eterno Homem- Aranha) tenta dar um corpo ao protagonista, mas de fato o que mais lembramos quando olhamos pra ele, é o Homem-Aranha. Todavia com uma imensa generosidade embarcamos na estória e enxergamos, após alguns minutos, o prodígio do xadrez norte-americano, e não Homem-Aranha. Superado este primeiro problema voltamos a guerra fria e percebemos o desenvolvimento daquele garoto inteligente e estranho querendo ser o número um do xadrez; e isso não pelo seu país, mas por ele mesmo quer isso mais que ninguém. É tanto “quereres” que o protagonista emplaca em sua mente uma paranoia incrível sobre os soviéticos; na cabeça dele, era vigiado todo segundo e ainda mais quando começaram os embates entre o fenômeno estadunidense com o atual campeão mundial russo. Pelo filme ter sido baseado em fatos reais, ou seja, o embate entre Bobby Fischer, o norte americano, contra o russo Boris Spassky, adentramos por isso ainda mais na estória, onde não se tinha nem bandidos ou tampouco mocinhos: Somente nações ávidas e sedentas pelo poder mundial que colocavam seus melhores seres privilegiados cerebral e fisicamente, para então se desafiarem em um tabuleiro de xadrez. Se paranoia não é transmitida o filme mostra exatamente o contrário disso. Ou seja: Trata-se de uma das doenças mais contagiosas que existe. Após o primeiro combate entre os enxadristas nos anos 1980, o norte-americano encasqueta que tinha sido plantado microfones embutidos na mesa do confronto, e com tal desequilíbrio acabe perdendo a concentração e, por conseguinte a capacidade de análise de jogo, perdendo assim o primeiro jogo. Na revanche a paranoia muda de lado e o russo agora que supõe estar sendo vigiado pelo “Tio Sam”. A paranoia de ambos é tão literal que embarcamos no tabuleiro com eles e sentimos que existe um microfone estranho por ali, somente pelo calor das atuações e as boas narrativas entre os intervalos dos confrontos. Existiu uma terceira partida, e de fato, uma das nações teve o privilégio de se auto intitular como a mais inteligente, mas seria deselegante da minha parte se revelasse qual nação seria. O filme é bom porque além de entrarmos no esquema do universo do xadrez e de seus exímios participantes, a obra fílmica dá algumas pinceladas em abordar como era o mundo no período da guerra; fato este não tão distante de hoje em dia (ainda me lembro quando criança como as coisas eram tensas até aqui no Brasil). Sem sombras de duvidas o filme é uma ótima pedida para ir ao cinema mais próximo e ainda nos livram dos terríveis e chatos filmes da Marvel de super-heróis: Um brigando com o outro a troco de nada.

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