Body

Body, dirigido e co-roteirizado pela talentosa Malgorzata Szumowska, Polônia, 2016. O filme abocanhou o Urso de Prata como melhor direção no último festival de Berlim; um dos festivais que ainda podemos descrevê-los como semi-isentos sobre os interesses das indústrias de cinema. Semi-isento , e com muita dificuldade para obter esse título, pois festivais de cinema de grande porte totalmente isentos ou independentes hoje em dia é uma utopia, ou seja, não existe. Porém ainda assim um Urso de Prata de Berlim é algo que temos que conferir para não ficarmos ultrapassados, afinal de contas se a indústria está aí engolindo tudo com a sua bolha hollywoodiana , temos que acompanhar, mesmo que seja de longe. Pois bem senhores e senhoras como é sabido a expressão Body significa corpo em inglês, e isto nos dá uma ideia de físico, de algo animado e tangível. A obra fílmica se permeia entre os universos que vemos, ou seja, o físico, e o que não vemos, ou seja, o espiritual. O filme , que está em cartaz nos melhores cinema de sua cidade, é composto por três personagens principais de mesmo peso e intensidade ,que dão lógica ( ou não )ao enredo em que a diretora polonesa quis imprimir em sua obra. Primeiro, temos um policial da área criminalista que tem como função checar pistas, como impressões digitais e outras coisas por exemplo, de cadáveres , e talvez descobrir os motivos das suas mortes. Segundo, temos a filha desse policial incomum, que sofre de anorexia e sente falta da mãe falecida, e põe , descabidamente toda a culpa das suas frustrações existenciais no fato de não ter mãe, ou por ela ter morrido no parto, ou seja, a garota sente culpa por estar viva a troco da sua mãe estar morta após o parto, e por isso e também pela distância que têm com o seu pai, acaba por desenvolver o distúrbio anoréxico. O terceiro elemento ou personagem chave da trama é uma médica psiquiatra que tenta tratar da filha do policial. A médica acredita piamente que a mãe quer se comunicar com a filha ( e até cita um médium baiano Divaldo Franco como exemplo) , mas o policial pai fica reticente a esta solução, já que é um homem completamente descrente sobre o assuntos de vidas passadas. Também não poderia ser diferente uma pessoa que lida com cadáveres acreditar em vida após morte seria no mínimo uma temeridade e insanidade juntas, que atrapalharia inclusive o seu oficio. Sob o olhar do pai o tratamento seria uma loucura e descabido já que via o corpo físico da sua filha a cada dia "murchar" devido a anorexia, então pra ele o problema da sua filha era mais físico, ou seja, falta de comer do que qualquer outro aspecto sobrenatural. A médica consegue o convencer que o físico se liga ao espírito, e este por sua vez é amparado ( ou desamparado) por carma de vidas passadas. Trocando em miúdos, para médica tudo é sinergia ou energia, seja esta física ou espiritual. O filme é bonito porque aborda assuntos complexos e tabus de uma forma leve e até em certas cenas com tom de humor. A obra fílmica ainda nos presenteia , sem sair da poltrona do cinema, olhar as mudanças da Polônia atual, mostrando o quanto o país passa a se acostumar ao capitalismo latente atual em contrapartida ao comunismo recente, passando ou pincelando por cima a igreja católica e o judaísmo como protagonistas religiosos de uma Polônia que ainda tenta encontrar o equilíbrio necessário entre essas forças econômicas e religiosas atuais que assolam o país.

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