O Regresso

O Regresso, de Alejandro González Iñárritu, EUA, 2016. Não é à toa que tem tantos filmes em clima de inverno com direito a muita neve pra dar e vender; isso é fácil de estabelecer uma conexão. Apesar de estarmos molhados de suor quando adentramos numa sala de cinema, quase sempre vemos filmes com neve, pois para o hemisfério norte é isso que se passa quando uma pessoa entra num cinema e sai dele. Ou seja, o clima do filme é igual ao clima da sua cidade; contrariamente, nós, do hemisfério sul somos acometidos por aquela baforada do mormaço quando acaba a sessão e perguntamos por vezes: Porra , onde foi parar aquela neve toda, tá fazendo uma puta falta agora. Se o hemisfério norte não tem competência para filmar grandes e boas obras, então só nos resta entrarmos na onda da neve e depois voltar ao torrencial sol escaldante. Divergências à parte, na trama nevasca temos um oficial caçador de ursos, interpretado por Leonardo DiCaprio, que vai à selva com seu filho e outros capitães para abater os tais ursos em plena EUA de 1822. Lá, na época, ainda existia as brigas entre os índios e brancos pela terra para chamar de sua. Em uma dessas guerras de vinte oficiais, sobram dez com vida, e ainda para completar o coreto o protagonista é atacado por um baita urso fulminante, que chega do nada, e o faz de gato e sapato, cena esta a melhor do filme; é perceptível no ataque alguns truques de imagem, como a aceleração do animal na hora do bote e as suas outras inúmeras investidas em matar a presa. Tudo isso é impecavelmente visto na cena, deixando de cabelo em pé até careca. O que se sucede após o belíssimo ataque é o destino que o semimorto teria; ficaria o dilema: Carregar um cara super ferido e por este motivo, atrapalhando todos a fugirem da nevasca, ou todos serem coniventes e levá-lo , mesmo sabendo que poderia morrer no caminho. Por uma questão genética o seu filho se presta a ficar com o pai enquanto os outros buscariam ajuda. Com o filho fica também um outro integrante de mesma idade. Ou seja, dois pirralhos no meio da selva coberta de neve. O capitão Môr resolve meio que no palitinho que um adulto deveria ficar também com os dois, quer dizer três ou dois e meio, já que o protanonista estava já agonizando pelo ataque do urso de 3 metros. Fato é que ficam os dois pivetes e o adulto cuidando, se é que dava para cuidar, do protagonista. Os dias e as noites naquela selva branca deixaria alguns mais atiçados a cometerem insanidades que outros, visto que com aquele frio e nada da ajuda chegar, e era bem capaz de todos morrerem ali. Em um acordo de cavaleiros o adulto convence nosso protagonista em dar cabo da sua vida para preservar a vida do filho, este que aparece na hora e num contragolpe do “inimigo” vai “desta pra melhor”. Como o ataque do urso deixa o protagonista impossibilitado até de falar, ele assiste a morte do filho soltando espuma pela boca, resultado: Os dois manezinhos se mandam do abrigo e deixam o semimorto literalmente enterrado numa cova de última hora. O que é folclórico para nós, seja de qual hemisfério for, é que o animal gato tenha sete vidas, não nós. Todavia o filme aborta tal lenda e dá, no mínimo, sete ou oito vidas para o Leo DiCaprio. A atuação dele é estupenda, e ele admitira que fora a personagem mais difícil que fez por ter que entrar e sair constantemente das águas geladas, ora do Canadá, ora do polo Sul. Outra coisa desgastante da produção é que o diretor de fotografia optou por filmar com luz natural, dando somente duas horas de descanso por dia aos atores. O resultado da obra fílmica é genial e já o indico a ser um favorito ao Globo de Ouro e Oscar consequentemente; eu e a torcida do Corinthians, mas tudo bem. Bom, em uma hora de filme não conseguimos estabelecer nada com o título do filme, já que o cara só queria mesmo era ficar vivo onde pudesse, já que nem andava pela batalha que teve com o animal que caçava e agora tinha virado a caça. De regresso mesmo conseguimos ter alguma noção disso quando o cara é salvo por um índio, em uma cena belíssima inclusive, com o índio comendo um búfalo “in natura”. Ou seja, cru e abatido na hora. De fato a obra torna-se um pouco longa com duas horas e meia de projeção, porém o diretor mexicano, que ganhou o Oscar com Birdiman ano passado, vem mais favorito ainda para levar os troféus de melhor: Direção, Filme e obvio: Ator principal no Oscar 2016; Três categorias essas que foram vencedoras no Globo de Ouro domingo passado, uma espécie de Oscar, então se não der zebra este será o filme há conquistar mais estatuetas em feverreiro no Oscar, e inclusive a sua principal e mais cobiçada: Estatueta de melhor filme do ano.

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