O último cine drive – in

Enfim um nacional que nos toca O último cine drive – in, de Iberê Carvalho, Brasil, 2015. Volta e meia somos agraciados por produções nacionais que mexem com nossos corações. Temos como enredo o último cine drive-in em funcionamento no Brasil, mas precisamente em Brasília. Nos tempos atuais a média era de cinco a seis carros por filme, e isto não necessariamente seja para ver o filme, pois com a entrada custando cinco reais cada pessoa o cine de carro se torna mais barato que pagar um motel. Entre 2004 a 2006 existiu um empreendimento deste na Bahia, mas precisamente próximo ao aeroporto; Entretanto este durou pouco tempo devida a esta circunstancia de se prestar de motel a céu aberto, e não necessariamente cinema a céu aberto, aonde em tempos idos as famílias pegavam suas cangalhas e iam inteiras apreciar a friozinho da noite enroladas em cobertores para uma diversão em família. Como os tempos são de multiplexs os gostos também mudam. Pois bem: Este é o objetivo deste filme: Mostrar o último cine drive-in em funcionamento no Brasil, e de certa maneira, nos fazer refletir o porquê dele ter desaparecido. Na trama temos ainda um sonhador: o grande tucanense Othon Bastos, que faz o papel do dono do cine drive-in. Estabelecimento este que contava com dois funcionários: Uma buchuda ranzinza que um tipo de faz tudo no cine, desde a projeção até o pedido dos lanches era com ela. E o porteiro que atendia os pouquíssimos carros que iam à maioria das vezes no recinto para “dar uma”. A tensão climática da obra fílmica surge quando o filho do dono do drive resolve pedir demissão da fábrica onde trabalhava para tocar o negocio do pai. O problema é que nem o pai sabia da ida do filho ao seu encontro como tampouco da sua intenção em tomar a frente o seu “negócio-paixão”. O conflito entre pai e filho se torna como o fio condutor para que não desgrudássemos nossos olhos da tela. O Pai esqueceu-se do filho durante dez anos, e agora o rapaz, já homem adulto vai cobrar este esquecimento. Mais uma vez Othon Bastos dá-nos um show de interpretação e mostra que é um dos atores mais completos do Brasil, incorporando um pai bom com um coração de criança, porém incapaz de não permitir que seu amor próprio o fizesse visitar seu filho durante os dez últimos anos. Além de levantar a bandeira do fim do cinema drive-in no Brasil, o filme nos mostra uma tentativa de redenção entre pai e filho onde o fio condutor estava na arte do cinema. Sem dúvidas uma perola do cinema nacional onde que, por questões de bilheteria, ou seja, por a maioria não saber distinguir o que é um filme bom de um ruim, ficou no máximo duas semanas em cartaz. Sou otimista e acredito que um dia o povo brasileiro saberá fazer tal distinção, porém para que isso ocorra haja mudança em nossa educação, e isso sabemos que não será de um dia para o outro. Belíssima homenagem ao cinema a céu aberto onde não existe mais por aqui.

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