O sal da Terra

O sal da Terra, dirigido pelo setuagenário Wim Wenders, França, 2014. Este documentário biográfico me fez bem e mal ao mesmo tempo; Fez-me me sentir bem porque trata-se de uma baita obra fílmica com O maiúsculo ; E me fez mal também por sua visceralidade nos relatos contados. Trata-se da história de carreira e vida do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente pelo seu ofício. A obra reúne as principais aventuras do fotografo em algumas partes do mundo; Como um dos codiretores do filme era seu filho (Juliano Ribeiro Salgado), o documentário mostra também o lado do pai ausente no lugar do profissional aventureiro que era Saldanha, afinal não se pode fazer uma omelete sem a quebra de alguns ovos. Todavia o mais impactante do filme não são as fotos que vemos em uma tela grande de cinema, mas sim o porquê ou o por qual motivo daquelas fotos existiriam. Neste aspecto percebemos que tudo tem um motivo e uma consequência também. Quando menciono que o mais impactante não são propriamente as fotos, mas a situação pela qual o ser humano chegou naquele estado, aí este é o ponto de partida para entender o documentário, e de certa forma, ter vergonha da nossa espécie: A vulga dita como humana. Saldanha tem este dom para se aventurar e clicar no ser humano em suas situações mais adversas, porém suas fotos nos fazem refletir no estado das pessoas clicadas e quase que invariavelmente chegamos à infeliz conclusão de que genocídios atrás de genocídios ocorreram, e ainda ocorrem no mundo, porquausa do poder de poucos para matar muitos, mas coloca muitos nisso. Dentre várias a viagem de Sebastião Salgado que mais me constrangeu aconteceu em 1994 no país africano de Uganda, onde cerca de duzentas e cinquenta mil pessoas desaparecem na selva quando foram expulsas do seu país por terroristas a mando do governo local de Uganda. Tentando chegar ao outro país vizinho se perderam na selva e acabavam morrendo; Ora por loucura ou fome ou doenças. Um verdadeiro genocídio sem nem sequer ninguém apontar nenhuma arma na cabeça pra ninguém. As pessoas foram simplesmente desaparecendo assim como os índios aqui em nosso continente americano do Sul e do Norte por volta de 1500. O filme concorreu ao Oscar de melhor documentário este ano, mas não levou, e isto de fato pouco importa. O que realmente tem valor e também preocupação é que as aventuras profissionais de Sebastião Salgado são mais atuais do que nunca, e por isso pergunto-me: Será que precisaríamos acabar com tudo e renascer novamente para termos um novo juízo de valor humano? Quero crer que ainda temos jeito e o poder não nos corrompa de forma tão acachapante e vergonhosa. Não posso te garantir que após a sessão saíras de bem com a vida e sem dores estomacais, mas que o documentário é super válido para nos tocarmos no que estamos fazendo com nossa própria espécie que se julga como a mais inteligente, e também com o nosso planeta, isso sem dúvida alguma. O filme é um toque para mudarmos o que está errado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livros do Joca

Pirataria X Streaming

Cangaço Novo