Cinquenta tons de cinza

Cinquenta tons de cinza, com direção de Sam Taylor – Johnson, EUA, 2015. A primeira frase que veio quando a sessão acabou foi: Mas que besteirol, ainda bem que não li o livro. Há relatos selvagemente negativos de quem leu o Best-seller acerca sobre o filme, como não tive esta sorte, somente avaliarei a obra fílmica por ela mesma. Pois bem: Há quem acredite que uma pitada de sadismo possa melhorar uma relação; Sinceramente: Não sei nunca a fiz e continuo sem interesse algum após ver o filme sobre tais práticas sado masoquistas. Como crítico posso escrever que o filme tem buracos muito visíveis em relação ao enredo que nos é contado, agora sobre os outros buracos a serem preenchidos deixo para imaginação de cada um; Pois bem, o filme começa com uma entrevista de uma estudante de literatura inglesa ( que supostamente atuava como jornalista, senão não teria como entrevistar alguém, afinal a moça era estudante de letras ou jornalista? Pergunta esta que fica no ar e por isso já temos o primeiro erro básico do personagem principal do filme, que era: Não sabia quem era, sua própria identidade. E talvez por isso tenha se rendido aos jogos sádicos do ator coadjuvante, mas deixemos essa discussão para mais adiante um pouco. Estabelecendo como um primeiro erro grave do roteiro, seguimos em frente e abservemos o cunho das perguntas da estudante/jornalista para com seu entrevistado: Um empresário jovem e bem apessoado; Um “playba” que quase toda garota sonha em ter. Mas vamos as perguntas ao “playba”, e tais eram tão supostamente medonhas que cheguei a questionar se o roteirista ou a escritora do livro não estaria doidona por fazer perguntas tão simplórias e óbvias. No decorrer do filme, ou seja, na primeira transa da protagonista ficamos sabendo que SE trata de uma virgem ( Quem é virgem com mais de vinte anos hoje?; Só freira e olhe lá). Já temos então outro erro de personificação irreal de uma personagem. Mas sejamos generosos e ainda acreditemos que existam no mundo moças tão românticas e ingênuas assim. Deste modo tocamos o barco e ainda ficamos na sessão para ver onde aquilo iria dar ou até onde fulana seria capaz de dar literalmente. O filme inteiro só tem um tema sexo sado masoquista, porém para que a obra não se tornasse tão infantil a escritora ou o roteirista inventa um tal contrato escrito entre dominador e dominado, escravo e senhor feudal. As duas horas e cinco minutos do filme se passa praticamente a todo instante os personagens falando do contrato, se a moça iria assinar ou não e no fim ela não assina mesmo, mas “dá” como uma condenada. A história do cara que faz as práticas sado é tão patética como ele. Tratava-se de um órfão que perdeu sua mãe prostituta para o Crack e por isso fora adotado por uma família rica, e uma certa amiga da sua mãe não biológica o inicia na prática sexual, ou seja, uma pedófila já que o rapaz na época era uma criança. Com este passado e marcar de pingos velas no corpo, o empresário “gosta” de ser estuprado pela coroa e decide traumaticamente seguir o mesmo trilho das práticas sadomazô em suas quinze vitimas bastante parecida com a protagonista do filme, ou seja, puras e ingênuas. De fato a moça se apaixona pelo cara que tinha um helicóptero e uma dezena de Porches ( assim até eu..), e a partir daí um tipo de misto de romance com sexo sadomazô se atropelam no enredo de modo que podemos classificar como o terceiro e mais importante buraco negativo do roteiro do filme. A história não se presta nem a defender um lado e por vezes achamos que estamos vendo um romance de um casal apaixonado e por outras uma espécie de paranoia do empresário em querer único e exclusivamente “transar com força” e jamais “fazer amor”. Todavia não me espanta nem um pouco o filme ser o líder de bilheteria no Brasil. Quando um povo não tem acesso à cultura obras desse nível com tamanho tom apelativo tende e se proliferar mais facilmente no inconsciente coletivo.

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