Tempo Rei

Tempo Rei, com direção do Andrucha Waddington e tendo inesperadamente como diretor de produção o excêntrico cantor Tim Maia, Brasil, 1996; É um documentário que celebra os trinta anos de carreira do cantor e compositor Gilberto Gil, embora ele completará em 2015 os seus cinqüenta anos de carreira e setententa de existência, então desse modo poderíamos classificar que o documentário estaria um pouco desatualizado, entretanto ainda assim é uma belíssima pedida. As suas quase duas horas são regadas a canções próprias do Gil e uma em especial chama atenção, que acontece quando o cantor se encontra com sua mãe, tias e irmãs na sala da casa da família e canta uma música que fez em homenagem a história dos seus pais levando, óbvio, todos os presentes a uma catarse de emoções, lembranças e lágrimas. Gilberto Gil fez essa canção quando completou trinta e três anos de idade e diz que quis se presentear fazendo a música para lembrar-se da falta que sentia do seu pai que tinha falecido há pouco; Não Gil: Tu não só te presenteastes fazendo tal música, tu destes este presente para todos que a ouvem e se emocionam também com ela, assim como você. No documentário temos ainda o privilégio de acompanhar um “papo cabeça” entre Gil e Caetano acerca da importância retórica do cantor com sua negritude como influência profunda para a formação da cultura brasileira no movimento chamado por Tropicalista. O trunfo maior do documentário é permitir que o artista volte à terra natal: Ituaçu, uma pequena cidade entre o Sertão e a Chapada Diamantina na Bahia. Cidade esta que Gil tem as primeiras influências do Xote e do Baião de Gozagão , Jackson do Pandeiro e Humberto Teixeira. Nas cenas gravadas na cidade Gil explica e mostra os locais de suas inspirações para criar músicas emblemáticas do seu repertório, tais como: Procissão, Expresso 222, Madalena, Cores vivas ,e entre várias outras. As influências de Gil são inúmeras e não somente nacionais como Gonzagão, por exemplo. O cantor e compositor baiano “bebe na fonte” para sua formação em Jimmy Hendrix e outros músicos norte-americanos,como por exemplo o Jazz e o Blues, fazendo então que o artista cresça em universos musicais distintos e por isso se transforme em quem o é hoje: Uma das mais importantes referências para a música brasileira ou como preferirem: uma lenda viva Setentenária. Quantas gerações seriam necessárias para conseguir criar um novo Gilberto Gil ou talvez um Caetano Veloso? Deixo esta pergunta no ar, mas credito que artistas desse calibre não nascem todo dia, e aproveito aqui nesse espaço virtual para lançar uma campanha em prol desses monstros sagrados e principalmente profanos da verdadeira música popular brasileira que são poucos valorizados ou não tão como deveriam enquanto ainda vivos; Aí quando morrem colocam em um pedestal, mas aí ja é tarde demais porque o artista não pode presenciar o feito, assim como fizeram quando Raul Seixas partiu dessa pra melhor. Triste que seja assim no Brasil, poderia ser diferente como já acontece em outros ínúmeros países, inclusive nos nossos vizinhos da América do Sul e do Norte. Todavia há cerca sobre o documentário visto este é igualmente a Gilberto Gil, excepcional, e por isso é impérdível.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livros do Joca

Cangaço Novo

Mussum, O Films