O Homem Que Engarrafava Nuvens

O Homem Que Engarrafava Nuvens, do pernambucano Lírio Ferreira, Brasil, 2009. O documentário conta a História do primeiro parceiro de Luis Gonzaga, o advogado e exímio letrista Humberto Teixeira. Dono de canções como Baião e Asa Branca, imortalmente interpretada pelo velho Gonzaga, Humberto Teixeira passa despercebido na história da música brasileira. O documentário conta com participações da filha de Humberto Teixeira (criado por ele), os músicos: Otto, Caetano Veloso,Gilberto Gil, dentre outros. Em certo trecho Otto afirma que Humberto Teixeira não teve seu devido conhecimento por ele ser a pólvora, enquanto Gonzaga seria o canhão da dupla, e é natural que o cantor seja sempre mais lembrado que o compositor, haja vista um exemplo de outra dupla em outro tempo que fora Paulo Coelho e Raul Seixas. Entretanto voltando ao homem que engarrafava nuvens ou ao desalmado pai (dito pela filha por ser muito machista) Humberto Teixeira, este de fato fora quase como um interprete invisível na criação de um ritmo genuinamente brasileiro. Em entrevista ao documentário de Lírio Ferreira, Gilberto Gil afirma que só existem dois estilos musicais totalmente nacionais: O Samba e o Baião. Humberto Teixeira e Luis Gonzaga foram os responsáveis por “urbanizar” o baião para que ele tivesse espaço no sul quando a dupla se mudou para o Rio de Janeiro. Segundo Caetano a famosa internacionalmente Bossa Nova do João Gilberto foi descaradamente “bebida na fonte” do Baião, ou seja, para Caetano Veloso a Bossa Nova não fora nada mais ou menos que uma imitação mais lenta do baião, fato este que desmente qualquer privilégio no sentido de João Gilberto ou outro artista ter criado algum tipo de novo gênero musical genuinamente brasileiro. Existe ainda uma lenda vigorada até os dias de hoje, e sempre dita por Raul Seixas (que inclusive tinha como marca registrada a mistura do Baião com o Rock) de que o Regue Jamaicano de lendário cantor e compositor Bob Marley teve fortes influências do baião após um vinil de Gonzaga e Teixeira chegar ao país caribenho. Em suma o documentário nos permite conhecer um pouco mais da história da música genuína do Brasil (e como esta influenciou outros gêneros musicais) e ainda conhecer os seus verdadeiros arquitetos por volta de 1950 com influências até os dias de hoje.

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