A culpa é das estrelas

A culpa é das estrelas, de Josh Boone, EUA, 2014. Obras literárias adaptadas as telonas serão sempre um risco e este risco se exponencia mais ainda na medida em que a obra literária seja um Best Seller do gênero da auto-ajuda. Transpor um livro de auto-ajuda para o cinema parece-me ser mais difícil que um livro ficcional, por exemplo, por o gênero “auto-ajuda” ser demasiado subjetivo e por muitas vezes chato. Não curto e nem leio livros do gênero e por isso já fui ver o filme com “ o pé atrás” , e ainda bem que fiz isso. Reza a lenda que críticos de cinema são seres desalmados, incapazes de chorarem por besteiras, etc. Concordo até certo ponto com essa lenda. Por estarmos sempre antenados nas telonas não será qualquer obra que nos levará as lágrimas, até mesmo porque somos conhecidos como “cascas grossas” em cinefilía. Desse modo posso escrever então que não consegui me emocionar nem um pouquinho que fosse com tal apelativo filme, mas vi muitas pessoas na sessão soluçarem de chorar. Daí faço-me a pergunta: Será que vi o mesmo filme que essas chorosas pessoas viram? A resposta é sim: foi de fato o mesmo filme, porém ( e modesta a parte ) por um olhar mais aguçado do que seria arte no cinema ou somente pura apelação sentimental. Todavia vamos, mesmo tendo achado o filme ruim, tentar fazer uma resenha sentimental na medida do ético-possível para também não cairmos nos clichês estereotipados do filme. Primeiro vamos abordar o tema da virgindade dos personagens centrais, o que me parece ser um rumo que Hollywood toma para abocanhar mais telespectadores, haja vista a saga vampiresca Crepúsculo que começou com a onda de virgindade ou viadagem, como queiram definir. Fato é que no livro os personagens não eram virgens, mas no cinema ficaram por tal tendência atual da indústria norte-americana de cinema. A história em si tem todos os elementos apelativos para fazer uma boa bilheteria ( e fez ), mas falta uma coisa que é essencial para qualquer filme que é: originalidade, e olha que já vi muitas obras literárias adaptadas ao cinema “originais”, porém essa não chega nem se quer próximo disso. Os elementos apelativos do filme são os dois personagens centrais com problemas de saúde: Uma garota com câncer terminal e o garoto que não tem uma das pernas, que se apaixona por ela. O filme é tão besta que agora teria que inventar sinopses para esta resenha render um pouco mais, pois o filme fica travado nessa suposta paixão; E suposta porque tenho minhas dúvidas se o garoto gostava mesmo da menina cancerígena ou somente tinha pena dela e dele mesmo até. Fato é que o filme fica somente nisto, ou seja, nessa história sem graça, fazendo a imagem de pacientes com câncer como coitados e desorientados. Muita gente discordará dessas linhas escritas, todavia como já fora mencionado: O filme fora avaliado por um olhar mais elaborado ou calejado de tanto ver filmes. As pessoas têm todo o direito de entrar no cinema e chorar até ao ponto de atrapalhar quem não estava se emocionando com o filme, mas como crítico de cinema tenho o dever de colocar “os pontos nos is” e alertar que o filme não é nada que parece ser.

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