A Gaiola Dourada (La Cage Dorée)

A Gaiola Dourada (La Cage Dorée), dirigido e co-roteirizado pelo estreante Ruben Alves, Portugal, França, 2012. Um casal de origem portuguesa de subempregados vive em Paris há mais de trinta anos, trinta e três, mais especificamente. O chefe da família, José, é um mestre de obras e a sua esposa, Maria, era zeladora de um prédio de classe nobre. Além do casal moravam em uma zeladoria super apertada do prédio em que a Maria trabalhava dia e noite sem parar, seus dois filhos: uma jovem adulta de gênio forte que peitava o pai ignorante peão de obra, e o seu irmão mais novo que sonhava em ser um astro futebolístico ou ao menos era motivado para tal oficio. Certa noite após mais um dia de trabalho castigante do pai, da mãe e dos filhos, estes que tinham logicamente vergonha em falarem aos amigos que tinha pais no subemprego há trinta anos e com a descendência portuguesa, com certeza. Porém como mencionei certa noite um telegrama é recebido e lido em plena mesa de jantar com a família toda presente. No telegrama dizia que o irmão do José ( o pai ) acabara de falecer e deixara sua herança ao irmão que há trinta anos não o via. Entretanto existia uma cláusula ou regra para José receber a herança do irmão, que era ter de voltar a viver em Portugal para continuar com os prósperos negócios no ramo da agricultura do falecido e nem tão próximo e querido irmão. Como já diz o ditado: “De tanto fumar o cachimbo deixa a boca torta”, ou seja, por viverem todas suas vidas como subempregados o casal não conseguia encarar agora essa nova realidade de pessoas afortunadas, pois a única coisa que fizeram na vida fora servir e servir, e agora eles seriam servidos, como poderia isto? Nesta comédia dramática francesa isso era decididamente difícil para o casal entender a nova realidade. Além do impacto dessa nova situação financeira o casal tinha ainda que esconder este segredo (por culpa ou cumplicidade do serventismo de ambos ), pois nem ele e tampouco ela tinham coragem de contar a verdade ou a notícia aos seus chefes e abandoná-los após trinta anos de serviços “quase escravos”prestados. Ademais os filhos do José e da Maria eram franceses e não queriam deixar suas vidas, amigos e namoradas(os) para morarem em uma terra estranha que era Portugal. A comédia é baseada nesse impasse: o casal voltar à terra natal para terem a casa própria que sempre sonharam e outras coisas mais, porém correndo o risco de ficarem sozinhos ou continuarem com suas vidinhas na França de subempregados, e de certa maneira, já bem acostumados com essa situação empregatícia, escreva-se de passagem. Mas que abordar a decisão dessa família de origem portuguesa entendo que o filme quis mostrar a situação da imigração na Europa e França em particular, onde cada vez mais criam leis para dificultar a entrada de estrangeiros nos países da zona do euro devida à preocupação, para não escrever pânico, de novos ataques terroristas, como por exemplo, o da estação de Madri na Espanha que este ano completou dez anos. Em suma trata-se então de um filme leve,bem feito com um humor na dose certa e algumas metáforas interessantes na relação entre o empregado com o empregador.

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