Ela

Ela, dirigido pelo excelente e inovador Spike Jonze, EUA, 2014. Em um futuro não muito distante ( chutaria que o filme tinha ambientação e tecnologia de 2040, já que só é pautado com um mundo de um futuro breve), temos um escrevedor de cartas ( não um escritor, mas sim um tipo de Fernanda Montenegro futurista do filme Central do Brasil , onde a pessoa ditava a carta e o computador escrevia com a grafia do escrevedor gravada no Hd); Pois bem, como escrevedor e protagonista temos um homem solitário, recém separado há menos de hum ano e que procurava algo em que se apoiar ou alguém. Ele como era um frenético viciado em videogames e tecnologias, e com a separação foi se escondendo mais no mundo virtual e consequentemente foi sumindo do mundo real por falta de interesse e cansaço dele ou os dois, já que um explicaria o outro. Em 2040 a tecnologia nos permitiria termos computadores quase humanos programados a partir das intuições humanas dos seus programadores que os fizeram. O nosso escrevedor de cartas então, por solidão e por gostar bastante de tecnologia, já que só vivia no videogame, compra um desses computadores inteligentes que inclusive falava e dizia como se sentia em relação a tudo e além do mais não arrotava e tampouco flatulava ou enchia qualquer saco, ou seja, para alguém que estava sozinho e rancoroso com seu casamento que tinha acabado, não teria companhia melhor. A tecnologia era tamanha que nosso protagonista ( que ator bom é o Joaquim Phoenix, lembra o nosso brasileiríssimo João Miguel por interpretar papéis sempre densos de maneira brilhante) saia pelas ruas com um fone no ouvido "trocando uma idéia - cabeça" com sua amiga cibernética chamada ou apelidada por Samantha e vivida na voz da atriz Scarlett Johansson, o que faz toda a diferença na personalidade desse computador, ao menos para um intelectual solitário como era o nosso protagonista. O HD ou a Samantha era mesmo irresistível; Além de ser uma companhia culta e agradável ela ainda arrumava a vida profissional do nosso escrevedor de cartas, que por isso consegue publicar seu primeiro livro porquausa da organização da Samantha juntando suas cartas antigas e enviando-as sem que ele soubesse para um editor e este gostando do que lera e publicando. Com esses e outros mimos do HD da voz sensual o escrevedor paga para ver até onde pode ir essa suposta relação, à qual lhe fazia tão bem. Pagou para ver, mas não pagou um mísero centavo para adentrar-se em Samantha em suas noites insones e ela suposta ou tecnologicamente gostando e gozando com ele em sua voz sexy. Não pagou nada também com as orientações de Samantha para que ele se divorciasse da sua ex-esposa e definitivamente assumisse um compromisso “sério” com seu computador da voz sexy. Postura essa que quase acarreta em um infarto em sua ex-esposa de carne e osso, mas osso que carne , é verdade, mas isso não importa. O que para ele importava era essa paixão virtual e doentia que sentia pela perfeição que encontrava em Samantha. Nenhuma mulher podia com ela, nem mesmo sua vizinha recém-separada e que gostava dele. Entretanto esta também se chocou quando ele a disse que estava apaixonado por Samantha ou o seu computador de última geração inteligente que falava, e por sinal, só falava o que ele queria ouvir, pois no inicio do filme para configurar o computador, este fez uma única pergunta: “Como é a sua relação com a sua mãe?”. A partir da resposta do protagonista nasce Samantha e tudo muda na vida dele. Estou vendo que o filme se classifica nos gêneros: Comédia, Drama e Romance e isso de certo modo me preocupa, principalmente o último gênero: o Romance. Será que em 2040 os nossos relacionamentos tenderiam a serem dessa forma: Virtual, ou será que um computador inteligente conseguiria preencher todos os espaços afetivos que uma pessoa necessita para viver? Isso me preocupa de fato porque já hoje, e sem esses computadores ou "Samanthas "inteligentes, cada vez mais as pessoas interagem menos umas com as outras; Basta ir a um restaurante e checar o número de pessoas que conversam umas com as outras e as que ficam em seus smartphones colados nos ouvidos. O filme é futurista, mas suas nuances e elucubrações humanas já podem serem percebidas.

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