A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros ( The Book Thief ), de Brian Percival , EUA, Alemanha, 2013. Obviamente que para quem leu o livro o filme será mais ou menos, ainda bem que faço parte desse grupo. Alguns críticos literários consideram a obra como uma das mais influentes da contemporaneidade. Mas vamos a uma breve resenha do filme e não do livro, este do qual indico por ter uma atípica narradora: a morte. No filme, de certa maneira, ela: a morte, consegue ser humanizada em plena segunda guerra mundial. A estória começa com a voz da dita cuja afirmando que: "Quando a morte quer contar uma estória, é melhor parar e ouví-la". A nossa atípica narradora não contente ainda continua nos ameaçando com frases do tipo: “Não adianta, não tem jeito: vou lhe pegar quer queira ou não, mais cedo ou tarde estará comigo em meus braços, agora depende de você de como vir até a mim, o caminho eu deixo você escolher para chegar até meus braços”. Ok senhora morte, o que nos resta então é viver então antes que seja tarde, não? Com este aviso o filme começa num carro com duas crianças sendo transportadas de uma cidade a outra pela Alemanha nazista. Uma morre no trajeto e outra fica viva apesar do frio em um carro sem calefação num inverno rigoroso europeu. A menina chamada por Liesel Meminger que sobrevive , e era judia, é ajudada por um outro judeu a se mudar de sua cidade interiorana para Munique. O agora seu pai, já que a criança perdera sua família judia e seu irmão mais novo que morrera no carro durante o trajeto para a cidade nova em que eles iriam fingir que eram alemães para não morrerem como seus pais. Ao terror da guerra e as lembranças das perdas de seus pais e principalmente do seu irmão caçula querido no carro, a menina esperta se encontra na literatura para conseguir sobreviver naquele período frio e nazista. O problema é que naquela época livros só eram permitidos a serem lidos passando primeiro pelo aval da censura da Gestapo: a polícia alemã nazista. Somente poderia ler coisas nacionalistas que justificassem ainda mais o orgulho de ser oriundo de raça "superior" Ariana . Nítido fica a incompatibilidade de uma judia que perdera toda sua família pelos nazistas a gostar da tal leitura proibitiva. Por precisar e gostar de ler a menina Liesel Meminger começa então a furtar livros para manter-se sana em uma nova família, à qual ela nada conhecia de inicio. Não sei se foi pela questão da própria sobrevivência ou carência maternal, Liesel Meminger então se afeiçoa à sua rígida nova mãe, que de fato era a pessoa que sustentava a casa, pois seu marido era um sonhador que só queria saber de contar estórias para a nova filha e tocar sua sanfona para "colocar pra corer" a sua melancolia de um judeu que tinha que interpretar que era alemão, assim como a Liesel Meminger, sua nova filha agora. A mãe e provedora financeira da casa tinha que passar as roupas de praticamente a cidade de Munique inteira, inclusive a da família do prefeito. E quem ia entregar essas roupas? Claro que era a esperta garota Liesel . Na casa do prefeito ela vê uma estante cheia de livros, o que aos olhos dela pareciam coisas mais preciosas que dinheiro ou ouro. Era justamente daquilo, ou seja, de livros que ela precisava para continuar viva física e mentalmente naquele periodo obscure de Guerra na Alemanha. Com o olhar arregalado da garota a primeira dama , sem o marido saber, a convida para ler alguns livros por poucas horas na biblioteca da sua mansão e ainda fazendo um convite que toda vez que a garota quisesse as portas da sua biblioteca estariam sempre abertas, lógico, sem que o prefeito soubesse que uma menina pobre estava usando sua biblioteca com suas roupas sujas e sapatos cheios de lama sujando sua casa. Como o prazer em ler se torna rapidamente em uma necessidade, Liesel Meminger acaba por ir à casa do prefeito à surdina para furtar alguns exemplares interessantes. O vício de roubar livros ficara tão frenético que até em encontros de comandantes nazistas a garota conseguia roubar mais alguns livros. E todos esses furtos tinham uma explicação plausível, além do fato de que ela era realmente uma apaixonada pela leitura. Ela roubava livros para lê-los também há um outro judeu que estava escondido em sua casa. O judeu era filho de um combatente de guerra que morreu salvando a vida de seu padrasto, se jogando literalmente em uma granada para salvar o amigo. O padrasto, que era para estar morto no lugar do pai desse rapaz, logicamente escondeu esse rapaz que era judeu também no seu porão. O problema é que o porão era mais gelado que a própria rua, sendo que em alguns meses o rapaz já estava a beira da morte. Só não foi levado por ela ( a morte ) porquausa da Menina que roubava livros, que amanhecia os dias frientos lendo livros para ele, deixando ao menos vivo emocionalmente, mas já pelo frio em um porão velho, a menina que roubava livros não podia fazer muito mais que fazia: ler, pois se o rapaz judeu saísse daquele porão a morte era certa pela Gestapo. Liesel tinha, além desse amigo que cuidava, um outro garoto que era totalmente apaixonado por ela. Era um garoto atlético que colocava piche no corpo inteiro para fingir que era o atleta afro americano que ganhou os cem e duzentos metros rasos no atletismo, acabando de uma vez por todas com essa estória de que a raça ariana seria superior as das outras. Enfim, trata-se de um filme intrigante onde temos a morte como narradora e personagens que ora eram extremamente cruéis e ora eram demasiadamente humanos pelo próprio período de guerra em que o filme era ambientado. O filme não é, e nunca será como o livro, mas vale a ida ao cinema para conferir essa bela história, onde pode existir amor ( e isto sem ser "piegas") em plena Guerra, mesmo tendo à senhora morte como narradora.

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