O lobo de Wall Street
O lobo de Wall Street ,de Martin Scorsese, EUA, 2013. Não há como fazer uma bela omelete sem quebrar alguns ovos, como já diz o ditado. Podemos estendê-lo tal ditado para uma vida profissional de sucesso, ou em outras palavras, não dá para entrar no jogo ou esquema sem atropelar seus oponentes. Para estar no topo da sua “cadeia profissional” a dita “normalidade padrão” tem de ser jogada no lixo, ou mais uma vez em outras letras, é necessário que você esteja acima dos seus oponentes também no quesito intuição para fechar antes um negócio atrativo que os outros. Pois bem, e como o protagonista do filme consegue esse “algo mais” para tornar-se diferente dos outros? Respondelhie-i: com drogas, e muitas por sinal para que seu estado intuitivo e criativo se expanda e saia então da dita personificação normal ou estado normal vegetativo, o tornando assim mais rápido e sagaz no competitivo mundo dos negócios, em especial na bolsa de valores de Wall Street. Neste caso verídico contado no filme o protagonista vivido pelo esforçado, porém pouco talentoso Leonardo DiCaprio, tenta se antecipar e fechar antes os negócios que supostamente seriam destinados a famosa bolsa de valores de Nova Yorque. Às três horas de filme são frenéticas, sempre regadas aos combustíveis ( que eram as drogas, e mais especificamente a cocaína ) para que os agentes de negócios financeiros tenham o pique para agüentar as suas loucas rotinas. Exatamente no meio do filme o protagonista olha para câmera e fala: "Como deve ser chato viver lúcido ou "normal", eu não agüentaria, acho que preferiria morrer ao invés disso". É nessa toada que o filme se desenvolve: Em um mundo surreal para os ditos normais, porém bem convidativo aos “não-normais”, que era o pessoal que trabalhava no mercado de ações; Uma espécie de artistas do mundo financeiro. O pulo do gato do protagonista foi o de fundar uma corretora de ações e começar a investir em pequenas invenções para compradores com menor poder aquisitivo de início com lucros de 50% para os vendedores ( bem maior que os 5% que Wall Street pagava). De empresinha a invençãozinha o cara vai se tornando um lobinho e era já visto com certo respeito dentro da mega bolsa nova-iorquina, mesmo estando de fora dela. De pulo em pulo ou de negócio em negócio o lobinho e seus parceiros vão se tornando de fato em lobões da bolha financeira comendo várias fatias da bolsa com sua corretora que literalmente subira de baixo para cima aos longos dos anos. A estratégia era simples, porém eficaz: não aceitavam um "não" como resposta em seus telefonemas. O ritmo de sedução para com seus potenciais compradores eram devidamente acompanhados aos próprios ritmos frenéticos de vida dos vendedores, e aí já sabemos a estória que é: de tanto insistir uma hora alguém tem de ceder. Óbvio que existia o dom da lábia dos vendedores, entretanto a essência da idéia de sucesso no agressivo mercado financeiro dos EUA no final século XX era basicamente a seguinte: Seja agressivo, mais persuasivo do que qualquer outro vendedor ao ponto de deixar o outro tonto com sua vitalidade em seu tom de voz ao telefone, e o principal: nunca, jamais aceite um "não" como resposta. Com essa cartilha esse cara oriundo de classe baixa mudou sua vida e de muitos que tinham saúde e loucura para acompanhá-lo neste literal jogo sem pudores e regras onde tudo era, e ainda é, regido pela grana e pelo prazer que essa mesma grana proporciona. Podemos fechar essa crítica com a seguinte frase que pode personificar ou resumir o filme dita pelo DiCaprio aos seus aliados:" Se precisar vender sua alma ao diabo, que a venda, mas feche o fuck business, pois o resto dessa história sem o negócio fechado não importa em nada para ninguém". Mais uma vez Scorsese nos dá uma aula de como é fazer um belo e bem feito filme. Candidatíssimo a levar a estatueta de melhor filme no Oscar em março.
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