Doze anos de escravidão

Doze Anos de Escravidão, dirigido pelo concorrente ao Oscar, o britânico Steven McQueen e produzido por Brad Pitt, USA, UK, 2014, e ainda baseado numa estória real. O filme ganhou o Globo de Ouro esse mês e por isso é o favorito ao Oscar de melhor filme já em março. A questão da escravidão ultimamente tem sido usada como tema para propensos filmes candidatos ao maior prêmio industrial cinematográfico norte-americano. Basta lembrar o ano passado com o sangrento Django Livre do Tarantino que concorreu, mas não levou. Esse ano teremos: 12 anos de escravidão e veremos no que vai dar no Oscar. Fato é que política e cinema sempre andaram juntos, sendo que a política influencia o cinema industrial de forma categórica. O fato de o presidente Barack Obama ser o primeiro presidente negro dos EUA, já nos serviria como argumento para vermos tantos filmes com o tema: Racismo. Entretanto se, e somente se, focarmos nesse filme concorrente ao Oscar perceberemos o tão diferente foi o processo de escravidão e libertação dos negros afro-americanos aos dos negros escravos sul-americanos ou afro-brasileiros. Lá eles enfrentam o ódio e o preconceito até os dias de hoje de forma não velada, enquanto aqui a maneira é velada, porém tão difícil e forte como lá. A diferença é que o processo de escravidão e principalmente de libertação lá foi bem mais sangrento e os negros tiveram líderes como Luther King que os ajudaram, a saber, em quê e o porquê a raça negra lutaria, enquanto que aqui no Brasil, infelizmente não tivemos um líder como Luther King para que o processo de libertação da escravidão fosse mais firme, inclusive com luta armada e criação de grupos de resistência como foi “os panteras negras” que existiram nos EUA depois do assasinato de Luther King com a população negra literalmente quebrando tudo e todos como vingança pela morte de seu principal líder. Mas escrevendo sobre o filme 12 anos de escravidão, este conta uma história ao contrário em plena Nova Yorque na primeira metade do século 19, por volta de 1840 onde ainda existia escravidão em alguns estados norte-americanos e em outros(como Nova Yorque ) já estava abolida a escravatura. O filme nos conta uma história ao contrário porque um negro livre volta a ser escravo novamente quando é enganado em um suposto negócio. Solomon Northup, impecavelmente interpretado por Chiwetel Ejiofor, sofre 12 longos anos sem sua família para conseguir provar que era livre. O filme narra esses 12 anos onde o protagonistas vive e vê tudo e mais um pouco de ruim quanto o ser humano ( no caso o homem branco ) pode chegar. Se escrevesse que ele só tomou chibatadas ao ponto de quase morrer estaria ainda sendo incompleto, pois acredito eu ( mesmo sendo um branco que escreve), que as maiores dores não são as físicas, pois com o tempo estas cicatrizam; porém as dores emocionais que os negros passaram durante todo o período de escravidão ( tanto nos EUA como no Brasil); Essas sim: ficam e são bem mais cruéis. Não consigo entender quando alguém se diz contra o sistema de cotas para afro-descendentes em universidades públicas Enfim, trata-se de um filme revoltante por expor a quem assiste como o ser humano pode ser ruim na sua natureza, como pode ser suscetível a vaidade, a beleza e ao poder principalmente. A dívida com os negros ainda não acabou e todas e quaisquer políticas públicas que o favoreçam é válida, tanto aqui no Brasil que é um país ainda em desenvolvimento, como nos EUA que já é um país desenvolvido, porém ainda devedor com a raça negra que teve uma parcela significativa em todas as áreas para construir no que é atualmente o país mais poderoso do planeta. Ademais o filme é bom porque seu diretor é europeu, mais precisamente da Grã-Bretanha, fazendo assim do filme menos emotivo e mais racional sobre a história contada. Dá mais imparcialidade ao filme um olhar europeu ao tema da escravidão negra dos EUA.

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