Bonitinha, mas Ordinária


Não resenharemos um filme redondo, ou seja, com todos os aspectos impecáveis ou no mínimo passáveis. Os erros da obra são nítidos até para leigos, porém a fita se sustenta no seu roteiro Nelsonrodriguiniano adaptado para a atualidade carioca. Trata-se daquele filme que você viu na década de 1980 com a Lucélia Santos fazendo o papel da bonitinha e ordinária. Neste Bonitinha, mas Ordinária, do diretor Moacyr Góes, Brasil, 2013; Temos essa personagem esforçada, mas apagada por querer copiar a Lucélia e não se sair muito bem em sua atuação. Cabe então aos outros personagens do filme preencher o buraco que a nova bonitinha deixa e o João Miguel , que foi premiado como melhor ator no Cine Pe 2013 pela atuação, e a Leandra Leal o preenche bem, de modo que o buraco e a atuação da atriz Letícia Colin se passa despercebida na fita. O tema do homem ter caráter ou até que preço esse vulgo “caráter” aguenta é o xis da questão da trama. Diferentemente do filme de 1980 esse agora tem os bailes funks e as favelas cariocas como panos de fundo, porém a carga pesada do escritor Nélson Rodrigues é empregada na fita transpondo assim personagens com a mesma intensidade. Mais do que a violentação da “bonitinha” e ela ter gostado ou não disso , Nelson Rodrigues deixa claro que o mais importante é colocar em xeque a pergunta: Até quando ou quanto o homem é fiel aos seus valores morais? A fita começa e isso já nos é jogado em nossas caras ainda recém-entradas no cinema com seu protagonista berrando bêbado em um bar: “O mineiro só é solidário no câncer!”. Um filme forte sem dúvidas como toda obra do Nelson Rodrigues é, mas profundamente atual e necessário como afirma seu diretor por vivermos nessa banalização de imagens e corpos e falta de pessoas com caráter que se vendem as quaisquer coisas ou imagens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livros do Joca

Cangaço Novo

Mussum, O Films