"Waldick - Sempre no Meu Coração"

"Waldick - Sempre no Meu Coração", documentário da atriz Patrícia Pillar, Brasil, 2007. A poesia te escolhe e não o contrário. Precocemente fui adentrado, por vontade ou necessidade própria, ao mundo brega, ou melhor, ao universo brega que se consistia em noites regadas a bebedeira, som brega com a poesia crua popular circundando as letras e melodias. Hoje percebo que toda aquelas vivências que tive conhecendo praticamente o estado da Bahia inteiro a fim de continuar nesse ar ou nessa pegada boemia, tinha de fato “incentivos” e/ou causas ocultas que para um piralho de 15,16 anos era impossível de se enxergar, apenas ia sobrevivendo e tentando me manter de pé das coisas que não entendia, mas que era preciso “tocar o barco” ou tocar a vida, assim como os poemas das músicas bregas que nos estimulavam.

Hoje o que eu sou, é fruto desse passado, dessas viagens aos interiores baianos e as farras no boêmio bairro de itapuã, onde este que voz escreve burlava a identidade , pois era menor de idade para um recinto tão, digamos assim: profundamente denso, onde a crueza dos sentimentos dos seres menos desprovidos de educação, porém não de coração, eram acalentados por esse clima do universo brega. Poderia citar inúmeros cantores onde este aqui que vos escreve perdera ( ou ganhara ) noites e mais noites ouvindo suas canções com um bom calibre alcoólico e amigos fieis a esse estilo de vida, ora por circunstâncias, mas na maioria das vezes por falta de condições emocionais para sair do meio, que para muitos era e ainda é o melhor pra se viver, escolhas de estilos de vida: não quero nem posso julgar ninguém, aliais ninguém pode. Com esse documentário assistido veio-me a tona tudo a cabeça: meu passado, meu lado bruto poético onde nas músicas tanto me identificara. Mas nada melhor como o tempo e o amadurecimento para o entendimento de tudo que foi vivido e a forma como podia ser medido. A forma tem caráter totalmente emocional, não se diz respeito ao meio, nem a condição econômica ou influencia de terceiros, pois como disse no início é a poesia que te chama e você não pode dizer não a ela, senão estará dizendo não a você mesmo. Peço desculpas se escrevi pouco ou quase nada sobre o documentário do Waldick, mas é que de certa forma tudo escrito vem como uma maneira de explicar o que me foi visto em vídeo, mas de uma maneira particular. Waldick: o rei do brega brasileiro, que antes de tudo era um poeta e desse oficio não se tem como se livrar com toda intensidade que merece, seja esse poeta um nobre ou um filho de Caetité na Bahia: a missão será sempre a mesma; transmitir sentimentos para que a vida das pessoas seja menos penosa e dura: a missão do poeta, e o Waldick fora um privilegiado por ter sido escolhido para tal oficio.

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