Uma história de amor e fúria

Uma história de amor e fúria, Luiz Bolognesi, Brasil, 2013; É uma bem feita animação nacional tanto no tocante ao seu roteiro assim como também em sua fotografia animada. Descrever a animação como uma poesia utópica, sem redundâncias, não seria exagero, principalmente pela qualidade da animação nunca produzida em solo brasileiro, onde um guerreiro índio tupinambá é escolhido para salvar o Brasil dos anos 1500 até o futuro ano de 2098. O índio tupinambá acompanha a chegada mortal dos navios portugueses com seus canhões estupendos explodindo crânios de franceses que já aqui estavam mexendo com as nossas índias. O guerreiro, que sempre quando falecera virava-se em um pássaro para reencarnar em outra pessoa, pois bem: e tudo por um único e nobre motivo: sua amada Janaína, narrada pela veluda voz da Camila Pitanga, onde esta também por várias épocas narradas do filme se reencarna de modo que os dois sempre se acham em toda a estória animada. Por volta de 1827 no movimento da Balaiada no Maranhão o índio tupinambá, narrado pelo Selton Melo, se troca de pássaro para um balaieiro homem simples do campo onde encontra a Janaína, e esta por sua vez se encontra com o corpo de uma semi-índia sensual. Os dois casam e tem duas filhas, mas isso não é o mais importante porque através de batalhas sangrentas o Zé do balaio, seus vaqueiros valentes e Janaína formam o que viria a ser o cangaço com Lampião e Maria Bonita como ícones cem anos mais tarde. O índio volta a não ser pássaro e sim gente por volta de 1968 em pleno golpe militar no Rio de Janeiro, e claro porquausa da Janaína: uma corajosa mulher que luta contra a ditadura ( vi a Dilma na primeira passagem da personagem ). Repressão vai e vêm, assim como ditadura e democracia embutidas prisões e torturas , o imortal tupinambá "morre" novamente e volta a ser pássaro ( pois no inicio do filme ainda em sua tribo ele toma um alucinógeno e o seu cacique diz que ele será imortal e voará para todo o sempre vendo e tentando salvar o Brasil desde que Portugal chegou por estas terras). Em 2098 o pássaro acha Janaína novamente como uma prostituta, onde esta vale 500 yens chineses por noite. Depois de mais de 550 anos de existência o índio cansara-se de tentar defender o território brasileiro, de modo que só queria saber de  Janaina e o Brasil que se já era carta fora do baralho, onde a água era para poucos no planeta, como em 1500 seu cacique previra e o mandara para essa missão. A Janaína na verdade se desfaça de garota de programa e como de costume se reencarna como uma terrorista às avessas a fim de seqüestrar o presidente da única fonte de água potável do planeta e assim salvar o mundo da falta de água ( em 2098 a água era mais cara que uma dose do melhor uísque ). Uma animação curta, 74 minutos, porém de forma sucinta conta a estória do nosso país e prevê como ele ficará se ficarmos de mãos atadas esperando que “Felicianos” e outros babacas falem por nós. Parabéns ao cinema nacional pela pioneira animação de ponta. 

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