O Carteiro

O carteiro, Reginaldo Farias, 2013; é um longa nacional de boa qualidade cuja principal influência é a Machadiana. A estória se passa em um pequeno interior do Rio Grande do Sul mostrando a vida de um intelectual e inteligente carteiro caipira. Depois de 20 anos Reginaldo Farias volta a dirigir um filme e se vê que ele não perde a mão fazendo um poético e simples longa roteirizado, escreva-se de passagem, pelo seu filho Márcio Farias, que faz ainda o papel  de um delegado de poucas atividades e com uma paixão perdida ao tempo. O protagonista é um outro Farias: o mais novo (Cande Faria). Inicialmente o papel seria feito pelo seu roteirista-ator - Marcio Farias, mas por um altruísmo profundo e pela consciência de que estaria velho demais para o papel deixou este para seu irmão mais novo estrear nas telonas, e com bastante brilho e competência, escreva-se de passagem. A estória é a seguinte: Quando chega uma nova mulher nas redondezas, o Victor ( o carteiro ) se acachapa de paixão de modo que abri as cartas que seu namorado as envia do Rio de Janeiro para a nova moradora da cidade e começa a boicotar o romance distante. O filme é de época, pois não existia internet ainda de modo que o único meio de comunicação para quem não estava por perto era a boa e velha carta escrita a mão ou a máquina de datilografia. A fotografia do filme é toda em particular de uma beleza simples de que só uma cidadela de interior teria e os seus personagens vão nessa mesma toada de descompromisso com tarefas ou do politicamente correto, pois por aquelas bandas quem de fato manda é o seu tempo ou o passar das horas desapercebidas, silenciosas, porém cheias de mistérios . Com esse ar interiorano de “não ter nada pra fazer” o tal carteiro, que tem um coração enorme ( do tamanho dos livros do Machado de Assis ) vai abrindo as cartas dos habitants e não somente da sua edipiniana namorada. Mas ele não abre as cartas por pura curiosidade, abre porque acha que não está fazendo nada de mal e segundo porque acredita no amor, no poder de conciliação dos pares separados da cidade. Com esse objetivo as cartas vão sendo abertas e as causas e conseqüências vão acontecendo. Para quem estava 20 anos sem dirigir um filme o Reginaldo Farias está mais que de parabéns pela poética, engraçada e inteligente obra produzida, e claro que o fato de ele ter sido rodado no clima cinéfilo do estado gaúcho ajuda a obra como um todo e além disso a fita nos permite que nos aproximemos mais com o universo do eterno Machado de Assis, isto que por si só, já vale ser conferido.
 
 
 
 

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