Os Miseráveis


Os Miseráveis, Tom Hooper, Reino Unido, 2013; É uma obra de pujança pela sua estória e de que como fora contada. Por música: sim, um musical que está deveras e justamente no pareo ao Oscar de melhor desse ano, ainda nesse mês de fevereiro. Por um pedaço de pão um homem é feito prisioneiro por muitos anos, quase duas décadas ou quase dois invernos como o seu protagonista prefere. Nesses invernos nada vindouros vem a descoberta do ódio e a desconfiança ( mas que isso, convicção ) de que Deus não existe,pois se existisse não permitiria que tal filho dele vivesse naquelas condições. Arrepiado é de ficar a atuação da atriz Anne Hathaway : ela se teletransporta genialmente para a época e deve abocanhar a estatueta de atriz coadjuvante se justiça for feita, e será porque além do mais ela é bem bonitinha. Ser homem ou ser santo: essa questão é respondida pelo sofrimento, assim como aquele de Jesus na cruz. Não existe outro meio de evolução humana que não seja penar por esse plano, e isso a fita deixa bem clara com seu protagonista (Hugh Jackman ): um homem amargurado pelas dores da vida que consegue dar a volta por cima depois de literalmente ter comido o pão que o diabo amassou ( ou Deus ). O protagonista torna-se no segundo terço da fita de um fugitivo prisioneiro a um empregador de várias mulheres de costura. Pelo que viveu não consegue se entregar, não tem coração mole pra isso, a outra pessoa, de modo que não conhece o amor carnal, mas sim o paternal adotando uma criança cuja mãe sofrera tanto como ele na época de sua prisão. Saí do cinema com essa coisa na cabeça: se tal protagonista teve uma vida tão miserável , ele supostamente era mais santo que homem, e dessa forma ( a de santo que não permite muitos prazeres na vida ) , voltamos ao primeiro terço da fita quando ele é preso por um misero pedaço de pão que nem era pra ele, mas sim para a sua pequena irmã que estava morrendo com o estômago roncando. Essa atitude de roubar para outro o pão legitima ainda mais a comparação dele com cristo. Acelerando a fita e entrando terço final dela vemos através da obra do Victor Hugo as primeiras revoltas, rebeldias que viriam a ser chamada mais tarde como a famosa revolução francesa contra a burguesia e a favor antes de tudo a matar a fome da maioria dos cidadãos daquele país. Quem já gostava ou já tinha lido o livro certamente ficará mais maravilhado com a estória, e esta pela primeira vez contada através de um musical nada maçante, apesar de durar quase três horas de relógio ( como se diz aqui em Salvador ). Viva a revolução, viva a França e viva todo país que tenha peito a fazer o que eles fizeram, fato este que o fazem referência mundial quando abordamos e discutimos os assuntos de liberdade democrática e direitos iguais para todos. O filme flerta e tem como idéia principal o tempo todo o tal valor moral que as pessoas julgam ter, tais como: um agente da lei (Russell Crowe ) tem de pensar daquela  mesma maneira “correta”e não existe o mínimo de possibilidade de ele estar errado, assim como o protagonista não dá o mínimo de chance a abrir seu coração de pedra a alguém, pois se abrir para alguém é de fato estar um pouco próximo a Deus (coisa que ele sempre buscara, mas por forças da vida e do ódio não conseguiu e “sucumbiu ?” a uma força maior: a do perdão e ao pensar só no bem estar dos outros esquecendo do dele, pois não se achava merecedor disso ou achava desprezível o seu próprio bem –estar, por sua desgraçada estória de vida como escravo rebelde ). A atuação musical de todos os atores fora um capítulo a parte, porém com maior brilho para Anne Hathaway, como já fora mencionado. O Oscar de melhor filme certamente estaria entregue em boas mãos ao diretor por sua obra magnânima e emocionante. A única coisa que ficou tosca no musical fora o fato ter sido feito em língua inglesa. A história contada é da França e se passava lá também. Há este que vos escreve: um erro gravíssimo, pois de certo modo toma em certo risco a essência da fita, porém não tomou por o filme ser muito bom, mas que no mínimo foi antagônica essa questão do idioma, isso foi sem dúvidas. Talvez tenha sido em inglês para vender mais, mas isto não me convence nenhum um pouco de que o idioma tenha sido escolhido errado para o baita musical. De qualquer sorte ou qualidade a fita nos faz pensarmos em muitas coisas e vale ser conferida.

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