Através da janela


Através da janela, Tata Amaral, Brasil, 2000; É um drama meticulosamente tramado por sua diretora que conta a estória de uma viúva idosa com seu filho único. A estória é “edipediana”, visto que emoção e razão ou malandragem e carência se misturam nessa relação. A fita nos dá cenas de um baita comodismo por parte desse filho de seus trinta e pouquinhos anos que finge a mãe que procura emprego todo dia santo, porém na vera o job dele era outro e a mãe jamais imaginou o que seria, pois para ela com a sua fraqueza humana devido à prematura morte de seu marido o filho acaba por “ficar” e fazer o papel de “marido ausente”, e ele descarado e mau-caráter como é usa a mãe e se usa nesse jogo descabido onde não sabemos de fato quem é  o marido, filho , mãe e esposa. Uma bela produção nacional cheia de requintes de pensamentos e interpretações do que são as convivências familiares depois de um certo tempo de convívio, ou seja, depois em que todos viram adultos de atitudes e naturezas. A mãe é genialmente vivida pela altiva e magnífica atriz Laura Cardoso, onde faz um papel de uma mulher confusa em relação a sua solidão, em perder seu filho e viver só, e isso com as consequências que essa solidão implica, ou seja, depressão, sem ninguém mais para passar literalmente a manteiga no pão todo santo café da manhã, onde não terá mais um literal peito pra chorar ou simplesmente abraçar ( nessa cena é que enxergarmos com clareza a relação “edipediana” entre mãe e filho ). Filho este que não sei se pela sua própria natureza sacana ou por querer tomar vantagens de uma mãe completamente quase “brôca” de tanta infelicidade pelas perdas da sua vida acaba por fazer todas as vontades do seu filho, que às íris deste que vos escreve é apenas um passador dessa relação pra lá de “Nelsonrodriguiana”. Culpados nessa estória existem? Não, não existem mesmo. O que existem são naturezas diferentes de mãe e filho que insistem em morar juntos: O filho pelo motivo da “prisão emocional parental” associado ao conforto que a supermãe dá ( como já mencionei: passa até manteiga no pão do desgraçado ), e a mãe por sua vez se sente bem com alguma companhia, pois sabe que a velhice chegou e todas as suas consequências , ou seja como já foi dito; pela depressão , pelo medo de envelhecer e não ter ninguém para cuidá-la e a carência de não ter ninguém para cuidar ou dar ordens, visto que a profissão da protagonista era de uma enfermeira aposentada. Uma fita nacional que se tivermos o cuidado e a sensibilidade de percebemos pequenos detalhes de seu roteiro veremos que questões complexas que abordam fatos familiares extremos ou atípicos podem ficar claros. O filme é bom, pois é uma fita que foge do estereótipo de que filmes nacionais vem sempre com roteiros fáceis e de certa forma palatáveis no sentido de entendimento fácil aos “ticos e tecos” dos espectadores que estão acostumados a ver os Tropas de Elite ( seja qual número for: 1,2 e agora 3,4, etc.) Uma fita nacional que vale ser conferida por sua punjância de roteiro, embora tenha minhas dúvidas que tal diretora realizadora tenha tido essa total compreensão do que fez, porém de resumo como material final se saiu feliz na produção que fez, por cagada, sorte ou qualquer nome que queiramos dar. Não posso deixar de reescrever a belíssima atuação da veterana atriz Laura Cardoso: praticamente carregou o drama nacional nas costas contracenando com um inexperiente ator, que era seu filho. Vale conferir pela atuação da atriz e seu roteiro pra lá de pesado.

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