Febre do Rato
Para tudo
e deixa a poesia passer e te seduzir-te. Refiro-me A Febre do Rato,
da baita escola Pernambucana de cinema, dirigido por Cláudio Assis, 2012. Começo
com uma das frases marcantes do protagonista da fita: “Temos o direito de errar”.
Isto se expande em nossas escolhas ou falta delas. Com uma bela fotografia em
preto e branco Walter Carvalho mais uma vez mostra quem dá as cartas em terras tupiniquins
quando o assunto é direção de fotografia. Verdade que o roteiro e os
personagens ajudam e o filme só poderia ser classificado como genial, ao menos
a esse em que vos escreve. Mas do que levantar bandeiras, como da: da legalização da
maconha ou de relacionamentos de pessoas do mesmo sexo o filme levanta a
bandeira da liberdade em todos os seus vértices possíveis. A liberdade é falada
poeticamente em todas as suas formas de uma maneira tão visceral, latente e acima
de tudo geniosamente inteligente que não poderia ter saído de outra escola: a nordestina pernambucana,
que sem dúvidas faz os filmes mais corajosos e consequentemente mais ricos em
idéias do país, passando os gaúchos no quesito criatividade, deixando a
escola "dos Pampas" com o título da qualidade careta somente. Imagino que seria uma baita parceria filmes com “o pensar” dos diretores pernambucanos “virados no cão”
alinhado ao cuidado e a qualidade dos diálogos da rotina ou
cotidiano em que os diretores gaúchos fazem com excelência. Todavia percebo que tal junção ou
parceira poderá ser apenas um sonho, visto que diretores pernambucanos
fazem suas fitas homenageando e pegando as estórias das suas realidades ou falta delas, culturas e regiões, e
os gaúchos por sua vez, também. É o tal baarismo atrapalhando a evolução do
cinema nacional. Porém chega de devaneios e voltemos a fita. Embora esta se
encaixe completamente em um devaneio e por isso o assunto puxado. Espero que o Cláudio
Assis esteja sempre inspirado a fazer maravilhosos “devaneios”, pois os assistindo,
a vida soa mais bela, “mais entendível” com a loucura do seu poeta protagonista
que tem um jornal de poesia (onde já se viu isso: jornal de poesia?), cujo nome
era o título do filme. Febre do rato é uma expressão pernambucana que quer
dizer que tudo está fora de controle: às pessoas andam sem sentido, e as coisas
ainda mais. Um filme anárquico para poucos, assim como é a poesia.
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