Delicatessen
Delicatessen, dirigida pelos geniais Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, 1991, é uma fábula francesa de tempos difíceis, porém a estória não é tão
descabida assim, ao menos a esse que vos escreve. A fábula imagina (lógico, senão
imaginasse não seria uma fábula) uma Paris devastada pela maldade humana, onde
esta se manifesta principalmente por duas causas; primeira: pela ignorância e
segunda: pelas circunstâncias ou não necessariamente nesta ordem. Pois bem, a
fábula com ar circense e visceral ao mesmo tempo conta a estórinha de uma
cidade que por não ter mais alimentos para seus habitantes, agora sobrevivem
por abater aos mais desavisados, ou seja: uma terra onde o canibalismo era que
reinava. Ressalvo aqui que embora o tema e ações da fita tenham a ver com o
canibalismo, em momento algum o filme se passa como trash, de terror ou mal
feito. Pelo contrário, a fita se desenrola com uma doçura quase que inimaginável
de um casal de artistas que tentam sobreviver perante tamanha calamidade
humana. O enredo é o seguinte: um prédio com vários tipos de personagens excêntricos
dividem aqueles vulgos tempos de escassez alimentícia onde quem saia dos seus
apartamentos à noite tinham um destino certeiro: a morte e o seu abatimento
pelo fato de o síndico e dono do estabelecimento ser um açougueiro que ficava a
noite inteira vigiando que entrava e quem saia. Existiam também os trogloditas
que eram sobreviventes dos canibais e que moravam na parte subterrânea daquela
Paris caótica. De certo modo os tais trogloditas por terem de se esconder nos esgotos
acabaram por ficar loucos, mas naquelas circunstâncias de vida onde a carne
humana era o que mais se valia quem não era de fato insano? Acho que não sobrava
ninguém, talvez o casal de artistas que pela arte conseguia alguma sanidade
naquele hospício onde viviam ou naquele prédio. Tive o cuidado de ver duas
vezes a fita, porém pela genialidade do que me foi conferido confesso que ainda
precisaria de ao menos umas três assistidas mais para total digerimento e
compreedimento agudo da genial fita. O cinema apaixona por obras de arte como
Delicatessen.
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