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Premiados do Festival de Brasília.

Festival de Brasília anuncia os vencedores da 50ª edição em cerimônia histórica Longa "Arábia" leva o título de Melhor Filme pelo Júri Oficial, e "Café com Canela" é o escolhido pelo Júri Popular A noite deste domingo (24) concentrou olhares de todo o país em torno do Cine Brasília, um dos mais longevos lares do cinema nacional, durante o encerramento do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Apresentada pelos atores Caco Ciocler e Mariana Nunes, a cerimônia de encerramento premiou as produções eleitas pelo Júri Oficial e Popular com o cobiçado Troféu Candango, um dos mais prestigiados prêmios do cinema brasileiro. No total, o Festival apresentou 144 obras que compuseram mostras competitivas e retrospectivas, durante 10 dias de evento, propondo uma reflexão sobre o presente e o futuro do audiovisual brasileiro. Antes das premiações, o secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis, parabenizou todos os envolvidos na edição comemorativa

Música Para Quando As Luzes Se Apagam

Música Para Quando As Luzes Se Apagam , de Ismael Caneppele, com Júlia Lemmertz, RS, 2017. Nunca se teve tão em voga a temática dos gêneros no Brasil. Até a rede Globo apoiou a causa em sua revista eletrônica, aos domingos à noite. O longa gaúcho tem o mesmo tema central. Ou seja: um homem que nasce em um corpo feminino, mas poderia ser vice-versa. Todavia no filme, temos uma menina vendo que não aquilo que parecia ser em sua puberdade. A mãe, em ótima atuação da global Júlia Lemmertz, vê a transformação da filha para filho; e para não ter nenhum contratempo, elas isolam-se numa ilha para que, essa transformação aconteça sem traumas de terceiros preconceituosos. A luz do filme é sensível, assim como o tema, e a menina, por sua vez, não apresenta nenhuma sensibilidade aflorada, pelo contrário, existem nela os hormônios masculinos e femininos digladiando-se em um jogo de bola e gandula. E a bola, ou melhor, os hormônios masculinos detonam os femininos.  A mudança é vista pela mãe, qu

Por Trás Da Linha De Escudos

Por Trás Da Linha De Escudos, de Marcelo Pedroso, PE, 2017. O diretor-documentarista é engajado em ideias de esquerda, e talvez por isso, o filme tenha um olhar exclusivo para este lado partidário, todavia quem permitir-se em conferi-lo sem algum pré -julgamento estabelecido, certamente observará mais que vertentes políticas ambíguas, e sim com andas as pernas da segurança nacional, com o PCC, inclusive, sob investigação na operação lava-jato como um dos principais propinadores de vários políticos, em Brasília: trocando em miúdos, ou talvez em graúdos, o próprio sistema de drogas brasileiro, ou os seus cabeças, banca o sistema político brasileiro, porém como isto anda ainda sob investigação pela polícia federal vou ater-me a parar por aqui até que estas evidências, escancaradas, tomem corpo e a verdade venha a tona: nua e crua. Todavia voltemos ao documentário , podemos escrever que temos, de início, um protesto contra uma instalação de edifícios "Torres de luxo", no Recife.

O Nó Do Diabo

O Nó Do Diabo, dirigido por Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi, PB, 2017. Os diretores são inúmeros porque o filme se desenrola em cinco contos de horror com datas diferentes, porém com uma mesma locação: a fazenda dos Vieiras. Podemos escrever, também, que trata-se de cinco encontros com a morte ao longo de duzentos anos, e que tem como tema central, além do horror e da morte, o da escravidão; sendo estes cinco contos , cinco nós que não se desatam nunca, nem após a própria morte. Este foi o único filme de horror que vi na quinquagésima edição do Festival de Brasília, e muito provavelmente seja o único, por este gênero estar tão em baixa na filmografia brasileira, e isso desde sempre, é importante salientar, então quem tenta explorar tal gênero, já é, pelo simples desafio: digno de nossos aplausos, e isso por qualquer que seja o resultado da obra fílmica. Pois bem : além de lembrarmos o quão cruel fora o tempo da escravatura brasileira, o filme tem uma belíss

Guarnieri

Guarnieri , dirigido e corroteirizado por Francisco Guarnieri, SP, 2017. Teatro e cinema se misturam no documentário do neto do protagonista. Em síntese, tem-se uma análise antropofágica da carreira de um dos maiores, senão o maior, ator e dramaturgo que do Brasil. O enxuto documentário, com pouco mais de uma hora, foca na obra prima do Guarnieri: Eles Não Usam Black Tie; peça que depois foi adaptada à televisão e cinema, onde mostra o Brasil, em especial o ABC paulista, na luta contra a ditadura e por direitos básicos de trabalhadores metalúrgicos: uma obra-prima brasileira. Em debate após a sessão o diretor , assim como inúmeros outros documentaristas, reclama o estado de abandono que está à cinemateca brasileira, e por isso tanto difícil foi achar documentos, fotos, vídeos e cartas, para a feitura do filme no seu processo de pesquisa, fase esta para qualquer documentário que se preze, a mais importante de todas, pois ali se faz o filme, e o que acontece após é a montagem do que

Nada

Nada , de Gabriel Martins, MG, 2017.  Eis uma situação que a maioria, ou grande parte dos adolescentes, passam quando terminam o terceiro colegial, e têm que decidir-se qual curso fazer e consequentemente, e isso em tese, escolher o quer fazer profissionalmente pelo resto dos seus dias. Esse é o pano de fundo para a nova obra fílmica da renomada produtora mineira: Filmes de Plástico. Mas vamos conhecer Bia: uma jovem negra que acaba de completar a maioridade e vê-se pressionada, tanto pelo colégio como pelos pais a escolher um curso “pra mó” de prestar no Enem. De cara já, nos primeiros minutos do filme, quando Bia é indagada por uma pseudo diretora moderna de sua escola particular, a que curso prestar, Bia responde de uma forma tão natural , que naquele instante temos certeza que ela dera a resposta certa aquela diretora rabugenta e cheio de egos: “ Não que fazer nada”. A diretora, bem interpretada já pela calejada atriz Karine Teles, replica: “ Como assim nada , Bia, você tá de

Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava

Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava, de Fernanda Pessoa, SP, 2017. O filme faz parte da mostra 50 anos em 5 dias, onde o festival de Brasília faz um apanhado político-cultural do Brasil.  No documentário da Fernanda, somos convidados a rever as pornochanchadas, obras populares devido a censura da ditadura no período militar. O documentário é agradável porque a montagem foi muito bem feita. O Luiz Cruz montou o filme por temas, e talvez por isso o filme torna-se tão atual. Sendo mais específico, os temas foram divididos por sub-temas, tais como: Tortura, patrulha, o uso do corpo feminino para chamar empresários gringos; e exatamente queria chegar neste ponto, onde se via malas de dinheiro para comprar os corpos sarados destas brasileiras esbeltas, e tal cena se aproxima, bastante até, das cenas dos coronéis nordestinos ou do Cunha recebendo propina na prisão, que vemos todos os dias nos telejornais. Filme visto no quarto dia do Festival de Brasília.