Postagens

Almost There – Quase Lá

Almost There – Quase Lá,  da diretora Jacqueline Zünd, Suiça, 2016. Esta semana temos um filme hibrido, meio documentário e meio “não” ficcionalizado, mas com narrativas criadas pela diretora-roteirista, fazendo da obra um documentário melhor se fosse somente um Doc sem nenhuma estrutura narrativa.  Não que essa estrutura tirasse a originalidade das vidas contadas, mas com uma organização maior no que concerne a qualidade a ser exposta, e consequentemente no resultado final mais agradável da obra. São ferramentas narrativas que em todo documentário tem, ou quase todos, e o resultado é bem melhor com este “acordo” entre os entrevistados e a direção que guia um documentário comum, mas esse não, pois a obra permite-se dar espaço ao acaso do destino na hora das filmagens, e isso faz toda a diferença na obra fílmica.  No caso específico da obra citada, não houve entrevistas, tipo: tem um microfone lá e a diretora faz perguntas: nada disso. O filme foi feito como uma estrutur...

Jupiter’s Moon

Jupiter’s Moon, dirigido por Kornél Mundruczó, Hungria- Alemanha, 2017. O filme foi selecionado para a Palm D’or ( palma de ouro) em Cannes, este ano. Pelo que li, existem duas críticas para o filme: a primeira trata o filme como risível, pra não escrever ridículo. Já a segunda interpretação para a obra a trata como sobrenatural de estupenda , onde o visão horizontal das redes sociais , que é a que impera no mundo atual, tem de ser mudada, e que as pessoas vejam o mundo na vertical. Ou seja: que as pessoas acreditem mais em seus impulsos e instintos e intuições, e que quebrem a barreira da mesmice do pensamento horizontal ou das redes sociais, como queiram chamar. Assisti ao filme e fico definitivamente no segundo grupo; no pensamento vertical, ao ar; todavia vamos ao filme húngaro. Antes de imagens temos um texto sobre as seis luas habitáveis em Júpter, e a mais segura seria uma lua chamada Europa; uma comparação infeliz para muitos, mas não pra mim, de que só na Europa decididamente...

Saudade

Saudade , dirigido por Paulo Caldas, Brasil-Portugal, 2017.  “ Saudade só quem sente é quem perde algo”, diz um dos inúmeros entrevistados do belíssimo documentário luso-brasileiro. Trocando em miúdos, só quem sente saudade é quem perde algo ou alguém, mas principalmente alguém, e se porventura, esse tal alguém nunca ligou a mínima pra você, então você não tem saudades dessa pessoa; tem outro tipo de sentimento, mas não a saudade e também não saberia dizer-lhe que sentimento és; cabe então a pessoa abrir a caixinha de memórias e estudar qual tipo de sentimento carrega por alguém que você não vê mais, seja este(a) vivo(a) ou morto(a). A conexão entre saudade e memória é instantânea, pois quando sentes saudades de alguém é por uma devida circunstância vivida por você e aquela pessoa que deixou a vulga “saudade”. O documentário é interessante porque pega o tema da saudade e expõe há diversos conceitos ou profissões artísticas, especificamente. O diretor exclui as profissões formais, ...

Callado

Callado, dirigido por Emília Silveira, Brasil, 2017. Sinceramente conhecia outro Callado: o surfista de ondas grandes que, coincidentemente, é parente deste; mas vamos aos fatos do documentário: entretanto já tinha lido o livro mais importante do Antônio Callado: Quarup, uma espécie de romance que tinha como protagonista um homem que metaforizava o povo brasileiro. O livro, escrito em 1965 e 1966, e lançado em 1967, foi um sucesso de crítica e público, ano em que Getúlio toma o poder das mãos dos militares e assume a presidência do Brasil pela segunda vez. Todavia o documentário não se trata do livro, este adaptado em filme ano após, mas sim da persona e do escritor Callado.  Ele, Glauber Rocha e mais cinco outros intelectuais foram presos no último governo militar. Antônio Callado foi convidado à retirar-se do país e ir para Londres em exílio. Lá conhece sua primeira esposa: uma inglesa que desejava ter filhos, porém Callado não, por ter uma irmã...

Arpão – Arpón

Arpão – Arpón, dirigido e roteirizado por Tom Espinoza, Argentina, 2017; na Competição Novos Diretores da 41 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O homem, leia-se mulher também, é um bicho esquisito; e isso por mais que ele esforce-se a ser um bom samaritano. Vou logo escrevendo os pontos positivos do filme, antes que me esqueça. O primeiro ponto está em seu roteiro, desclassificando todo e qualquer tipo de inferiorização. Ou seja: ninguém era melhor nem pior por nada: seja essa classificação por bens materiais ou caráter. O segundo ponto positivo do roteiro e, nesse caso também do filme, fora o fato de mostrar crualmente(crú) a fase de várias adolescentes e uma em especial chamada por Cata, de quatorze anos. Todavia vamos a uma breve crítica; pois bem: como protagonista temos um cinquentão diretor de uma escola mista há oito anos, e de certa maneira, já querendo passar o posto na direção a alguém com mais paciência que a dele. A ambiguidade de comportamento do filme dá-se com...

Tentei

Tentei , da Laís Melo, PR/Brasil,2017. Este foi o grande vencedor do Candango de melhor curta metragem do último festival de Brasília. Quando , antes da exibição, atriz protagonista disse que fez o filme por R$ 23 mil reais e ainda achou pouquíssimo, pensei comigo: pera lá , fiz o meu, na camaradagem , sem custos com atores por R$ 600,00; porque essa menina tá reclamando do seu orçamento? A resposta veio em seguida com a exibição do estrondoso filme. Mas do que a obra, a mensagem é o principal, e esta vem bem acompanhado de uma sonoridade potente, acho inclusive que quem ganhou o Candando foi o som, e não propriamente a dupla audiovisual. A obra começa com uma mulher saindo de sua cama, pela manhã, ao lado do seu companheiro. Na feitura do café com um pão esquentado na frigideira começamos a perceber aqueles braços cruzados da atriz, e não era frio, apesar do Paraná; mas sim de uma agressão que ela sofrera a poucas horas atrás, do seu próprio companheiro, que fazia isso com frequência....

Blade Runner – 2049

Blade Runner – 2049 , dirigido por Denis Villenueve, EUA, 2017. Esqueça tudo, ou quase tudo, no que você viu do Blade Runner de 1982, dirigido por Ridley Scott. O franco-canadense Denis Villenueve, inclusive com a ajuda do próprio Ridley Scott, assinando a produção do longa muda quase tudo que pensávamos que tínhamos entendido do primeiro filme. Denis dirige uma espécie de continuação descontinuada,  mexendo, inclusive, no enredo da narrativa, ou no entendimento daquele filme de 35 anos atrás, obra esta que marcou toda uma geração e não à toa esta “continuação” ter sido tão aguardada. O risco em mexer em uma pérola antiga era enorme, tanto pela parte da crítica, como principalmente pelo lado do público, mas olha que a obra não fica devendo, em nada, ao primeiro Blade Runner, pelo contrário. Entretanto vamos ao filme; pois bem: se no primeiro filme, em 1982, era encenada uma Los Angeles de 2019; desta vez estamos em 2049, como o título do filme sugere. Ou seja: são 35 ano...