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A Finada Mãe da Madame

A Finada Mãe da Madame,  dirigido por Bernard Attal, Brasil/BA, 2016. O diretor, apesar de ser francês, pode ser considerado um soteropolitano, já que vive aqui há muito tempo, e de certa maneira, não deixa de ser uma mola propulsora a fim de injetar aos diretores da terra um olhar mais europeu em suas obras, ou ao menos tentar fazer um mix do nossa latinidade tropicalista, adicionando o pragmatismo dos inventores do cinema. Pois bem, o filme em questão é do gênero da comédia. A ação temporal da obra fílmica ocorre por volta, ou talvez, durante os anos setenta, numa Salvador tranquilona, onde podia-se andar de madrugada pelas ruas, sem medo de assaltos ou crackeiros. Alias, o trabalho de figurino e cenografia de época do filme é impecável ( imagino que deve ter sido difícil achar tantos elementos de época sendo um filme de baixo orçamento..). Acerca do elenco, temos muitos atores a atrizes baianas talentosas, mas o chafariz da campanha publicitária foca-se em uma estrela global...

Malasartes e o Duelo com a Morte

Malasartes e o Duelo com a Morte, ,  dirigido e roteirizado por Paulo Morelli, Brasil,  2017 . Quando começaram a sair às primeiras entrevistas dos atores sobre o filme que usaria, e usou mesmo, mais efeitos especiais do que todos os filmes já rodados nacionalmente, Pedro, ou melhor, o protagonista Jesuíta Barbosa, foi o primeiro a pronunciar-se o quão fora desafiador fazer o papel de um caipira da Serra do Jequitinhonha. Os mais céticos perguntariam o porquê ser difícil fazer um sujeito tão simples. Pedro, ou melhor, a grande promessa atorística brasileira Jesuíta Barbosa responde: “ Porque não sou um tipo de caipira do Mazzaroppi, nasci e criei-me no árido interior do Ceará, uma outra espécie de caipira: o sertanejo, e alinhar todos esses “ Pedros Malasartes “ de um país enorme , por natureza, como é o nosso é o que foi mais difícil, mas encantador ao mesmo tempo, bom: fiz o possível”, completa Jesuíta. Como obra fílmica, concordo com o crítico da Folha: o sábio Ignácio ...

Real – O Plano Por Trás da História

Real – O Plano Por Trás da História , dirigido por Rodrigo Bittencourt, Brasil, 2017. Cabe a este crítico salientar, logo inicialmente, que a história contada não implica, necessariamente, com a posição deste, mas sim de um outro jornalista, cujo nome é Guilherme Fiúza, o qual escrevera o livro, de mesmo título,  e este fora adaptado para as telonas. Escrito isto vamos aos fatos do filme, e isto já implica outrora interpretação: a do diretor da obra, e não mais do escritor e jornalista global citado. Pois bem: quando ligamos o plano real, associamos rapidamente, à FHC, ou seja, Fernando Henrique Cardoso. Todavia, e isto, segundo o filme, FHC não fora o único, ou até mesmo o principal pai do melhor plano econômico de todos os tempos do Brasil. Nomes como: Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central em 1993, André Lara Resende e Gustavo Franco também reivindicam serem o pai legítimo da “criança” ou moeda. Este último citado, Gustavo Franco, por sinal faz o protagonista da trama, in...

IRRLA3UFER

IRRLA3UFER , dirigido e roteirizado por Moritz Draheim , Alemanha, 2015, Tinha um baita trauma quando meu pai falava que era da "turma do mau". Garoto católico, com direito a primeira comunhão e tudo o mais, não entendia quando ele falava para mim isso com um sorriso enigmático entre as bochechas cobertas por sua barba longa. Já minha mãe dizia, todo dia, que era da "turma do bem". Aos oito anos de idade criei uma imagem de um certo monstro por parte do meu pai por ele ser da turma do mau. Na adolescência meus pais se separaram e fiquei mais distante ainda dele, de modo que ele já morreu e não conseguimos nos aproximar-nos da forma que poderíamos, ou não poderíamos mesmo, vai saber essas coisas de carma. Fato é que hoje sinto uma  enorme falta sua após sete anos de sua ida ao além. Dizem que sete anos é um sinal de fechamento de algum ciclo, e eu meio que sinto isso, só não descobrir qual ciclo é. Ainda sobre o tema paternidade, hoje sei que sou da turma do mau, is...

Soft in the head ( cabeça oca )

Soft in the head ( cabeça oca ), dirigido por Nathan Silver, 2011, EUA. Até parece que as pessoas podem escolher quem elas querem, na real acontece o inverso disso; Para se formar um casal, ou seja, ou trocando em miúdos, o que chama atenção de uma pessoa são as características incomuns à sua personalidade. Não à toa vemos tantas desilusões amorosas onde um lado só está afim mesmo de alguma coisa. Pois bem esta é mais ou menos a sinopse do filme assistido do diretor Nathan Silver na Sala Alexandre Robbato, em Salvador, e com direito a um debate com próprio norte-americano após a sessão. Quando o indaguei do porquê ele teria tanta tara em falar de gente, e em se tratando de pessoas, porque gostara de levá-las sempre ao seu extremo? O diretor respondeu-me gentilmente que o tema “pessoas e seus relacionamentos” eram retratados em seus filmes porque este tem uma profunda admiração pela psique humana, afirmando que se não fosse cineasta seria um psicólogo, certamente. Ainda completando sua...

The Blind

The Blind , dirigido e corroteirizado por Nathan Silver, EUA, 2009. A vida nunca fora um mar de rosas; Refiro-me à vida real, e em especial ao cotidiano. Todavia à arte tem como função transformar a dureza da vida em uma coisa mais agradável, fazendo da tragédia algo que nos ensine, e que, por conseguinte,  toquemos nossas vidas de uma maneira melhor, mais leve, transformando aquilo ou aquela situação que está ruim em sustentável, percebendo aquilo com outros olhos tentando achar outras formas em enxergarmos os problemas da vida real. Trocando em miúdos é concretamente isto que o diretor americano quis nos transpor em The Blind, ou seja, apresentar a vida não ser como um mar de rosas, mas como uma intensa e bruta realidade, onde a necessidade de uns em amarem ou se doarem ao extremo, barra-se em contrapartida ao grupo de pessoinhas que sentem a necessidade em serrem amadas de uma forma mais explícita e intensa. Para estas pessoas carentes de sentimentos e cuidados, temos na obra f...

Estado Itinerante

Estado Itinerante, de Ana Carolina com Lira Ribas, Brasil, 2016. Com um arpor poético que foge dos padrões vos apresento-lhes a nossa obra fílmica dessa fria semana soteropolitana. A estória, ou o roteiro do filme, cuida-se em apresentar-nos Júlia, essa personificada por muitas mulheres brasileiras. Nela percebemos a olhos nus marcas roxas em seu corpo, entretanto nada se comenta sobre o ocorrido, apenas deduz-se que Júlia sofre agressões físicas e psicológicas do seu companheiro, embora este nunca apareça em tela. Percorremos, ao lado de Júlia, a angústia de existir sem um emprego, e pior: azar no jogo e no amor, também. Ainda assim aquela mulher, assim como tantas outras brasileiras, não entrega-se as picuinhas da vida , e consegue um emprego de cobradora de ônibus, profissão essa stressadíssima devido aos rushs das capitais, esta no caso, Belo Horizonte. A perspicácia da diretora foi a de chamar, excluindo-se a protagonista e outros papeis, mas de “deixar” que funcionários deste ...