Lucky
Lucky, dirigido por John Carroll Lynch, com Harry Dean Stanton , EUA, 2018. Permitam um paralelo acerca do filme em comparação à um ditado
popular que é: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Ditado popular este, no
mínimo, bem sacana, escrevemos assim. Se analisarmos o ditado, quando o
primeiro sujeito observa e crava que existia pouca farinha, ele, egoísticamente,
faz um pirão, o qual sabemos que usa-se mais farinha do que habitual. O resultado de um pirão, ou desse pirão específico,é que nada sobra
da farinha pra mais ninguém, pois toda ela, fora usada para a
confecção do pirão. Confesso que tal ditado foi o mais sem caráter que já ouvi
falar, porque a farinha que estava ali, e que podia servir pra dois ou quem sabe até mais, todavia ou porquausa do cujo pirão serve somente para uma única e egoísta pessoa. Mas
porque quis fazer este paralelo do pirão e do egoísmo, junto com a gula também,
para com o filme? A resposta é bem mais simples do que explicar tal ditado popular
nordestino, entretanto vamos por partes, explicando o filme, até que este esbarre-se com o pirão, que é o primeiro. Pois bem, Lucky é o nome do filme, assim como é
também o nome do estupendo protagonista: um senhor na faixa dos noventa, que
fuma igual a uma chaminé, porem nem de longe apresenta problemas de saúde, pelo
contrário, pois parece que quanto mais fuma mais fica saudável e a idade não
pesa entre seus ombros. Em uma cena Lucky fala em alto e bom som: “existe muita
diferença entre ser sozinho e ser solitário. Solitário você escolhe entre ser
ou não, ou seja, você pode morar sozinho por opção, e ainda assim não se sentir só; e por outro lado ser sozinho já é outros quinhentos, você o é porque
não teve capacidade para te aguentarem”. Lucky se considera solitário, e vive
muito bem assim em sua ampla casa, fazendo exercícios de yôga diários ,antes de tomar seu café da manhã em uma típica lanchonete estadunidense, junto com amigos. Um dia,
mas que repentinamente, Lucky cai e então é obrigado a ir de encontro a uma
consulta com um geriatra , e aí a ficha cai que a idade chega pra todos, com ou sem doença. Veterano de guerra e Texano: Lucky não gosta muito da
ideia de ir ao médico, mas como a idade chega, ele não é burro e vai. O link do
ditado: “farinha pouca, meu pirão primeiro”, com o nosso protagonista, e o
filme por consequência, fica então mais que estabelecido, com a observância das atitudes cada
vez mais egoístas das pessoas nos dias de hoje, onde estas só tem a capacidade de olharem para seus próprios umbigos, e por isso a obra fílmica se torne tão
avassaladora e atual, e ao mesmo tempo nos dando um aviso de que temos que mudar,
e muito, a custo de nos autodestruirmos mais cedo do que imaginamos, como por
exemplo acabarmos com a água potável e sermos obrigados a mudar de planeta;
tentativas estas já iniciadas pela NASA, indicando que o FIM está mais próximo
do que imaginamos, basta continuar agindo e pensando como estamos. Belíssima
obra essa é o Lucky: super indicado, apesar de não concorrer a nenhum Oscar, ou
talvez mesmo por isso, seja um filme pra se pensar, e acima de tudo: verdadeiro. Boa pedida para o fim de semana.
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